A Vida Mata a Pau

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PANGUINEÍSMO*

Descubra como o monobloco africano vem tirando o sono do mundo.

Há cerca de dez meses poucos levaram a sério a insurgência que teve local na cidade de Conacri, capital da Guiné - tudo parecia mais uma briga de gangues motivado por uma arbitragem confusa num jogo do campeonato local de futebol - o que poucos perceberam é que as torcidas não brigavam entre si, e sim cooperavam sem nenhum pretexto aparente. O governo resistiu sitiado em um hotel por cerca de dois dias, quando se rendeu a insuportável maré de boa vontade emanada da multidão que cercava o prédio e insistia em fazer silencio durante a noite, enviar alimentos e tratar dos feridos. O presidente Abu Sâmara acabou renunciando para acompanhar um comboio de ajuda humanitária até a vizinha Guiné-Bissau, país que enfrenta as mazelas da guerra civil subseqüente ao golpe militar de 1998.

Em Julho Passado, foi a vez da Guiné-Equatorial sofrer processo semelhante em seu território. Um garoto perneta foi promovido a chefe do estado maior depois de comprovar em um show de televisão o seu talento em fazer embaixadas com um coco seco. Segundo um levantamento da emissora local, cerca de 60% dos telespectadores estavam confusos aquela tarde. Não satisfeita com a ascensão do seu caçula, ânimo organizou junto com o veterano general Jean-Jacques Bouneé um golpe de estado que acabou frustrado, possivelmente em conseqüência da dedurada feita pelo próprio menino, que se dizia já cansado daquela vida de servidor publico. O Presidente, que até então se mantinha ao largo da confusão, mandou fuzilar os conspiradores, incluindo Jean Jacques e a mãe do garoto. A reação dos populares foi imediata: os duzentos mil habitantes da capital Bata deixaram seus lares em direção ao norte, muitos levando apenas sua roupa do corpo, rumo a republica de camarões. Segundo as ultimas informações o chefe de estado e o menino continuam despachando no solitário no palácio da presidência.

ANDARILHOS SÃO RECEBIDOS COM FESTA EM YOUNDEÉ

A chegada a Youndeé (capital da Rep. de Camarões) foi marcada com uma festa popular, calcula-se em 3 mil o números de mortos na jornada e mais 3 mil nas festividades - óbitos creditados a acidentes com minas terrestres, vermicidas, fome e balas perdidas - número insignificante perto dos cerca de meio milhão de novos adeptos à caminhada. Misturados à populaçao regular, os Guineenses sumiram do mapa.

Coincidência ou não, todos os paises que ficam entre Guiné e Camarões tiveram seus governos derrubados desde a eclosão desses estranhos acontecimentos. Analistas internacionais apontam para possível infiltração de tropas das duas guinés agindo em conjunto nas outras nações. Segundo uma corrente de pensadores a invasão silenciosa de Camarões e a invasão disfarçada de ato humanitário sobre Guiné-Bissau já são um dos maiores exercícios de inteligência militar da historia. Aproveitando do natural descaso que o mundo tem quando o assunto é África, chefes militares teriam começado uma empreitada sem volta (batizada por eles de Operação Gnu) visando dominar o mundo.

Segundo a mais otimista projeção destes analistas o mundo todo cairá em cerca de 20 anos como caíram Serra Leoa, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin e Nigéria numa reedição desenfreada do Dominó Asiático dos anos 60.

GOVERNO DE PAPUA-NOVA GUINÉ MANTÊM SILÊNCIO

No distante pais asiático de Papua-Nova Guiné nada se comenta sobre o incidente, segundo fontes do governo qualquer especulação não passa de mera especulação, e Nova Guiné pretende continuar com sua postura de neutralidade adotada nos últimos anos. Mesmo sem demonstrar qualquer intenção de invadir seus vizinhos a Ilha está sendo alvo das atenções dos governos do continente. A embaixada japonesa foi fechada e a marinha da Indonésia tem patrulhado águas internacionais a procura de atividade suspeita. O clima de nervosismo é tão grande que um acabou afundando um navio mercante Filipino por engano, registrando até então as únicas baixas oficiais da “guerra”.

NÚMERO DE CONFUSOS CRESCE

Analistas discordam, chefes de estado não ligam, telespectadores trocam o canal em ritmo frenético, inspetores das Nações Unidas coçam suas feridas enquanto populações perambulam pela savana. A conseqüência imediata do Pan-guineismo é a confusão geral.

Número de Confusos

Alarmado com a possível eclosão de uma nova ordem mundial, o Papa Karol Vojtila o João Paulo II -, agendou uma visita à Papua-Nova-Guiné. Logo na chegada, sua tentativa de beijar o chão foi impedida por populares, sob a alegação de que seu já precário estado de saúde poderia ser agravado com contaminação por bactérias que se desenvolvem no solo árido da região a licitação para o asfaltamento do aeroporto costuma ser a única pauta política discutida no país desde sua independência; somente as pessoas que ignoram o fato do país já ser independente não falam sobre o aeroporto, e reúnem concatenando um movimento de libertação nacional.

Mas após impedirem o beijo no solo, populares contestaram a gravidade do estado de saúde do pontífice - o que se sabia é que Vojtila sequer conseguia se mover. A animada tentativa de alcançar o solo sem a ajuda de seus assistentes provocou uma certa revolta contida na população. Assustado, João Paulo II foi levado à um púlpito e informou que escolhera Papua-Nova Guiné para fazer o anúncio de sua morte.

Neste momento (19:25 da noite, 15:25 GMT) o Papa continua anunciando que sua hora chegou, em todas as 152 línguas que domina. Populares aguardam com impaciência o momento que a morte do beato será anunciada na língua local. Analistas cogitam o fato de Vojtila não saber qual é a língua local, e consideram a atitude papal como a última tentativa de manutenção do território do Vaticano longe do domínio das Guinés.

Publicado em Janeiro de 2005, em parceria com Antenor. Especial de Férias aqui é feito o Jô Soares, só reprise.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus