Cérebro dos adolescentes é mais resistente ao álcool

A tolerância pode levar os jovens a consumir cada vez mais drinques

WASHINGTON - Novas descobertas indicam que o cérebro dos adolescentes é capaz de compensar alguns dos efeitos do álcool, como intoxicação e ressaca. Além disso, a desinibição provocada pelo excesso de bebida parece prejudicar menos os jovens. No entanto, essa tolerância maior tende a estimular abuso e dependência, alertam pesquisadores. Os resultados do estudo, realizado em ratos, serão publicados na edição de novembro do periódico Alcoholism: Clinical & Experimental Research.

"A adolescência é um tempo de mudanças rápidas no cérebro", explica Elena I. Varlinskaya, da Binghamton University, uma das autoras do estudo. "Roedores adolescentes mostram similaridade com adolescentes humanos, no que diz respeito à dramática remodelação cerebral ligada à idade". Ela diz que a pesquisa mostra que os sintomas desagradáveis da bebedeira, que muitas vezes levam adultos a interromper o consumo de álcool, "não são sentidos com a mesma intensidade por adolescentes".

Os pesquisadores examinaram as atividades sociais de ratos de diversas idades que receberam doses de álcool. "Encontramos tolerância aguda maior nos animais adolescentes que nos adultos, com um consumo de álcool comparável a uma bebedeira pesada em humanos", disse Varlinskaya. "O comportamento social dos animais adultos estava seriamente suprimido 30 minutos após a administração do álcool, mas o comportamento dos adolescentes era semelhante ao de animais que não haviam sido expostos".

A cientista adverte que essa tolerância pode levar os jovens a consumir cada vez mais drinques e os adultos, a subestimar o verdadeiro estado de intoxicação de um adolescente bêbado. (Estado)