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Chimpanzé prefere parceira sexual mais velha, mostra estudo

novembro 21, 2006

Homens que supostamente prefeririam duas mulheres de 20 em vez de uma de 40 poderiam aprender algo com nossos primos chimpanzés. Em alguns casos no mundo animal, as fêmeas podem até perder o viço com a idade, mas é das experientes que eles gostam mais. Na competição por deixar seus genes para a posteridade, os machos brigam feio pelas mais velhas, enquanto as jovenzinhas amargam a solidão. (Estado; contribuiu: Parada)

Chimpanzé prefere parceira sexual mais velha, mostra estudo

Disputa por veteranas está associada à maior fertilidade e experiência

Giovana Girardi

Homens que supostamente prefeririam duas mulheres de 20 em vez de uma de 40 poderiam aprender algo com nossos primos chimpanzés. Em alguns casos no mundo animal, as fêmeas podem até perder o viço com a idade, mas é das experientes que eles gostam mais. Na competição por deixar seus genes para a posteridade, os machos brigam feio pelas mais velhas, enquanto as jovenzinhas amargam a solidão.

A conclusão foi publicada na edição de hoje da revista Current Biology por um trio de pesquisadores das Universidades Boston e Harvard. Eles usaram diversas medidas para checar a atratividade das fêmeas e a preferência dos chimpanzés na busca pela parceira e invariavelmente todas demonstraram a escolha pelas senhoras.

Os cientistas partiram do pressuposto de que, se entre humanos o apelo sexual das mulheres geralmente atinge o pico antes da maternidade e declina com a idade - em decorrência da menopausa e da limitação futura de fertilidade -, entre espécies que não têm esse tipo de barreira, machos não deveriam ter preferência pelas jovens.

Além disso, chimpanzés apresentam um sistema de relacionamentos sexuais muito mais promíscuo. Não há uniões de longo prazo entre parceiros, nem tampouco investimento paternal para cuidar da prole. “Os homens provavelmente perderam a preferência pelas mais velhas porque as mulheres, na evolução, perderam a fertilidade com a idade. Os relacionamentos monogâmicos são favoráveis à escolha das mais jovens, que ainda têm uma longa carreira reprodutiva à frente”, explica ao Estado o líder do estudo, Martin Muller, do departamento de Antropologia da Universidade de Boston. “Já os chimpanzés focam mais na oportunidade imediata de reprodução e não levam em conta o valor reprodutivo de longo prazo.

Entretanto, esse comportamento não foi observado em outros primatas. Fêmeas mais velhas de babuínos, por exemplo, apresentam alto índice de aborto natural. Seria preciso avaliar outras espécies para dizer como a escolha por parceiras evoluiu. O que o trabalho sugere, no entanto, é que a preferência humana deve ter sido moldada pela seleção natural após a separação de humanos e chimpanzés, há 6 milhões de anos.

Para checar a preferências dos chimpanzés, os cientistas analisaram dados de agressão entre machos e informações sobre cópulas na comunidade de Kanyawara, no Parque Nacional de Kibale, em Uganda. Em geral, eles notaram que, se há fêmeas mais velhas no cio por perto, haverá mais machos cercando-as e eles vão disputá-las a tapa. São essas fêmeas que mais freqüentemente copulam com os machos que estão mais bem colocados na hierarquia da comunidade.

Os pesquisadores ainda não sabem explicar qual vantagem os machos levam em escolher as mais velhas, mas têm algumas pistas. “Há evidências de que elas são mais férteis que as mais novas. Soubemos disso após medir níveis de hormônios ovarianos na urina dos animais”, afirma Muller.

“Isso explicaria a competição entre os machos no esforço de procriar. Agora, por que as mais velhas são mais férteis também é uma questão ainda não muito clara. Imaginamos que isso ocorra porque normalmente elas são as fêmeas dominantes na comunidade, o que permite que tenham melhor acesso a comida e maior probabilidade de se reproduzir.” Os pesquisadores acreditam ainda que a experiência acumulada de maternidade das mais velhas também seria considerada interessante para a sobrevivência da prole.

Para o primatologista holandês Frans de Waal, da Universidade Emory, especialista em chimpanzés e bonobos (outro macaco próximo aos humanos na linhagem evolutiva), a análise parece coerente. “A conclusão não me surpreende. Em grupos em zoológicos, já vi com freqüência machos adultos ignorarem totalmente jovens fêmeas no cio em favor de uma mais velha, que eles cercam e por quem competem”, comenta. (Estado; contruiui: Parada)

Walter Valdevino Comportamento , Estudo , Sexo Comentários (0) Comentários (0)