Fraude leva revista Science a rever política editorial
novembro 29, 2006
Segundo conclusões de uma análise independente, a Science submeteu os trabalhos, hoje desacreditados, a um escrutínio cuidados (sic) antes publicá-los, em 2004 e 2005, e seguiu corretamente os procedimentos-padrão para detectar problemas. (Estadão)
WASHINGTON - Uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a americana Science, decidiu adotar algumas novas salvaguardas contra fraude, depois que uma pesquisa falsa sobre células-tronco, realizada na Coréia do Sul, chegou às manchetes e foi desmascarada há um ano.
Segundo conclusões de uma análise independente, a Science submeteu os trabalhos, hoje desacreditados, a um escrutínio cuidados (sic) antes publicá-los, em 2004 e 2005, e seguiu corretamente os procedimentos-padrão para detectar problemas.
É impossível evitar sempre todo e qualquer tipo de fraude deliberada, advertiram os analistas. Mas o clima cada vez mais competitivo no mundo da ciência, somado ao prestígio de sair na Science, cria incentivos para a desonestidade, que exigirão novas medidas para detectar embustes, afirma o relatório.
"Preocupamo-nos que a ciência continue a ser vista pelo público como um empreendimento no qual a verdade é suprema", disse o químico John Brauman, que chefiou o inquérito requisitado pela revista.
Entre suas principais recomendações à e a outras revistas de grande prestígio está destacar os artigos de "alto risco" - estudos com potencial de atrair a atenção pública ou influir na formulação de políticas - para um escrutínio extra. Isso pode vir a incluir uma exigência de apresentação dos dados originais que deram base ao trabalho, ou entrevistas com co-autores.
O editor-chefe Donald Kennedy agradeceu os "conselhos duros", e disse que sua equipe estuda como implementá-los.
Ele estima que apenas cerca de 10% dos estudos publicados a cada ano seriam importantes o bastante para merecer esse tratamento extra. A Science recebeu cerca de 12 mil submissões em 2005, e publicou cerca de 8% dos que passaram por uma revisão científica.
A despeito disso, Kennedy reconhece que provavelmente nem mesmo as novas medidas teriam detectado o que uma comissão de inquérito da Universidade de Seul classificou como uma fraude elaborada.
O cientista Hwang Woo-suk alegava ter extraído células-tronco de um embrião humano clonado, e ter criado células-tronco projetadas especificamente para pacientes individuais. A retratou-se de ambos os artigos (sic). (Estadão)
Sabrina Fonseca Intriga Comentários (0)