Maioria dos brasileiros nunca foi a cinema ou museu, diz estudo

da Folha Online

Sessenta por cento dos brasileiros nunca foram ao cinema e 70% nunca foram a um museu. A constatação está no estudo do pesquisador Frederico Barbosa, publicado em dois volumes: "Economia e Política Cultural" e "Política Cultural no Brasil".

Os livros são da coleção "Cadernos de Políticas Culturais", publicação do Ministério da Cultura em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o estudo, apenas 14% dos brasileiros vão ao cinema --60% deles nunca foram a uma sessão. Setenta por cento nunca foram a um museu. Segundo Barbosa, um dos principais motivos é a dificuldade de acesso por "falta de equipamento e de oferta dos bens culturais".

A falta de oferta vem da falta de educação e de exercício prático, diz o estudo, lembrando que a maioria dos brasileiros escuta a música que é tocada no rádio e desfruta o audiovisual por meio da televisão aberta, considerada "muito pobre" de conteúdo. 'É preciso melhorar a qualidade do produto simbólico que chega à população", considera a análise.

O estudo conclui que "boa parte do consumo é feita dentro de casa, no âmbito familiar, seja a música, o cinema ou a televisão. Isso coloca o desafio de espaços públicos de socialização", afirma Barbosa.

Livros

"A falta de oferta se dá em todos os setores. São poucos os livros consumidos. A tiragem média [no Brasil] é de 3.000 exemplares", aponta o secretário de políticas culturais do ministério, Alfredo Manevy. Em média, as despesas anuais com audiovisual somam 41,2% dos gastos culturais das famílias, enquanto apenas 1,65% é investido na compra de livros.

De acordo com o estudo, a importância da cultura é igual em todos os níveis sociais. As famílias brasileiras gastam, em média, 4% da renda com cultura. "É uma revelação muito interessante. Mesmo com as profundas desigualdades, a cultura é algo muito presente e está entre as necessidades fundamentais, como moradia e saúde, independentemente de escolaridade e renda", destaca o secretário.

Segundo Barbosa, que levou dois anos e meio para concluir o estudo, somente a educação pode melhorar o consumo cultural, pois "cria o gosto pela cultura e dota as pessoas de capacidade de desfrutar dos bens culturais, de decifrar códigos culturais, de ter um trabalho de elaboração simbólica maior". (Folha Online)