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É sentado em sua cadeira de vime, escrevendo longos textos para defender-se das inúmeras acusações que recebe, que o Sr. Destino passa boa parte de seu dia. Cidadão mais processado de seu país, Sr. Destino alega inocência sempre. "Virou moda colocar a culpa em mim, mas o fato é que até agora ninguém conseguiu provar nada", argumenta. Vaidoso, não revela a idade - dizem as más linguas que anda por aí desde os tempos de Édipo Rei -, e sorri sempre que alguém elogia suas mãos bonitas e fortes. "Sempre que ponho minha mão em alguma coisa, deixo-a mais bonita", conclui.
Quando não está em seu escritório, Sr. Destino gosta de ficar no porão de sua casa. É lá que está seu brinquedo favorito. "Passo horas e horas seguidas lá", diz, com os olhos brilhando. Embora ninguém nunca entre lá além dele – exceto pela poeira que, segundo o próprio Sr. Destino, recobre charmosamente todo o lugar -, todos sabem do que se trata o brinquedo. São suas famosas rodas.
Feitas de pedra e enfeitadas com belos desenhos em baixo relevo, as rodas do Sr. Destino são mundialmente famosas. Perguntado sobre porque ninguém pode vê-las, exceto por fotografias, o Sr. Destino é rápido na resposta:
- Ah, ninguém me entende, não adianta explicar.
Realmente, a lógica de atuação do Sr. Destino já foi e ainda é muito questionada. Há quem acredite que seu único princípio de ação é prezar pela falta de sentido sempre. Ele não confirma nem nega. Garante apenas que o Destino sabe o que faz.
O poder absoluto que o Sr. Destino possui também é alvo constante de críticas. Mas ele garante: é possível escapar do controle de suas rodas:
- Imagine uma corrente elétrica. Para que ela exista, os elétrons precisam, necessariamente, ir de um ponto até o outro. Mas isso não é sacrifício para eles, é seu caminho natural. A vida é assim também. Somos todos elétrons seguindo nosso caminho natural. Meu trabalho é apenas garantir que esse fluxo se mantenha. Entretanto, ao contrário dos elétrons, algumas pessoas optam por fugir do fluxo e seguir outro caminho. Não as impeço. Claro está, então, que é possível escapar das minhas rodas. Eu poderia até dizer que todos poderiam fugir e seguir o fluxo que quisessem, destruindo a ordem natural das coisas, a ordem concebida e pela qual sou responsável. Precisariam apenas de algum esforço maior do que o necessário para seguir o caminho natural. E neste caso, eu estaria perdido e desempregado. A minha sorte é que a raça humana é preguiçosa.