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As pessoas boas devem amar seus inimigos*


Não costumo fazer comentários do tipo "a grande lição do filme é", mas abrirei uma exceção para American Splendor. Com um estilo interessante de narrativa, que mistura HQ e documentário com a narrativa convencional, o filme conta a história de Harvey Peakar, arquivista de um hospital geriátrico que resolve retratar em quadrinhos seu dia a dia vazio, medíocre e solitário.
O grande mérito do filme é utilizar a capacidade de atrair atenção e criar magia que o cinema possui como combatente do argumento central e, porque não, GRANDE LIÇÃO. Explico. A história versa sobre um homem que vive só, tem um emprego burocrático e desestimulante e é visivel e declaradamente infeliz. Porém, o filme transforma essa história banal e cotidiana em algo interessante para quem a assiste, ou seja, a película aniquila o argumento básico do roteiro! Deu pra entender?

Enfim, eu ia pensando sobre isso e vendo o filme se encaminhar para o final. As coisas iam se ajeitando na vida do seu Harvey e o final feliz parecia inevitável. Aí surge a voz rouca de Peakar dizendo:

"mas não pense que sou feliz. Eu e minha mulher brigamos muito. A menina tem déficit de atenção. Enfim, minha vida é um caos"

Tá, agora que já disse o final, a lição: a vida de qualquer um pode parecer interessante. Assim como pode parecer chata. É tudo questão de ponto de vista.

Lair Ribeiro aqui vou eu.