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Quando eu era pequeno, meu sonho era ter uma cicatriz. Mas não uma cicatrizinha, dessas que se consegue caindo do balanço. Tinha que ser uma cicatriz TALUDA. E no rosto, claro. Sim, cortando em duas metades uma das minhas bochechas.
Se eu tivesse uma cicatriz atravessando meu rosto, eu teria sido um pré-adolescente mais feliz. Porque na época eu acreditava que ser o scarface passofundense seria o máximo. E sonhava com todas as vantagens que a marca me traria: admiração feminina, porque mulheres adoram homens com cara de mau,com cicatrizes e OLHO DE VIDRO; respeito masculino, porque uma cicatriz é sinal de coragem, bravura e destemor.
É claro que pra tudo isso funcionar, a cicatriz deveria ser obtida em circunstâncias gloriosas. Nada de cirurgia ou descuido ao manejar facas Guinzo. Isso não possibilitaria a melhor parte: os comentários das pessoas quando eu passasse por elas exibindo minha rosada marca na face. "Olha, olha, diz que ele foi roubar as pitangas da Dona Lúcia e caiu no arame farpado" ou "parece que alguém tentou passar a perna nele no jogo de bolita" ou ainda "criticou o Iron Maiden numa loja de informática lotada".
Ah, que bom seria.