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Confesso que à primeira vista não me pareceu boa a estrutura narrativa do De-Lovely, que traveste o filme de musical dos anos 30. É um certo preconceito meu, mas musicais me parecem filmes para retardados. A música como elemento narrativo é didática demais, fica esmiuçando a situação, como se duvidasse da nossa capacidade de entender o que acontece.
Ah, e todos dançando passinhos coreografados, fazendo caretas e dizendo "love, love, love" enquanto pulam no colchão de molas da Tia Mimi é deveras patético.
Mas voltando: no caso específico de De-Lovely, a coisa toda me pareceu justa ao decorrer do filme. Afinal, se quase toda a obra do Cole Porter foi escrita para musicais, é natural que isso seja utilizado em um filme sobre a vida dele.
Acho que a progressiva redução de cenas musicais ao longo do filme também contribuiu para que a minha antipatia fosse amenizada (embora eu deva confessar que posso ter me habituado a elas, especialmente considerando-se que havia outros momentos constragedores no filme para chamar minha atenção - mas deixemos isso para o próximo parágrafo).
O que me irritou mais mesmo foi a presença de um Cole Porter velho que aparece assistindo a uma suposta montagem teatral sobre sua vida (que vem a ser, adivinhem, o próprio filme). É o mesmo recurso do A Festa Nunca Termina, só que mal utilizado.
Bom, agora que já falei mal o suficiente, vamos aos pontos positivos: a trilha, óbvia e indubitavelmente o melhor da película; Ashley Judd, que está LINDJA como nunca e, por que não, o despreendimento do roteiro ao mostrar a homossexualidade e o casamento de contrato de Porter com Linda.