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De joelhos no milho


Quando eu era criança, uma professora contou para minha turma no colégio que, em alguma outra cidade do Estado, uma menina havia morrido por ter sido empurrada contra o quadro-negro da sala de aula. Segundo a MestrA relatou, a garota bateu com as costas na quina daquela madeira que apóia o apagador e as barras de giz, rompeu a artéria renal e morreu vítima de hemorragia interna.
E tudo isso, alertou a professora com o dedo em riste, por que os alunos tinham mania de sair correndo e se empurrando da sala quando o sinal batia. Que nos servisse de aviso, portanto.
Anos mais tarde, descobri que esta história era muito famosa, não só lá no Planalto Médio, mas em várias cidades gaúchas, embora ninguém soubesse detalhes sobre os envolvidos na tragédia, nem quando exatamente acontecera.
Hoje, motivado por paranóias mil e uma leve demência, creio piamente que trata-se de um boato combinado em comum acordo entre as professoras para evitar aquele alvoroço pós-sinal para o recreio. Acho até que tem dedo do CPERS no meio.
Agora, o bonito mesmo é imaginar o poder da classe docente: antes mesmo de existir e-mails (e toda a paranóia da leptospirose em latinhas que eles trouxeram) ela já fazia um baita estrago nas nossas cabeças.