home. arquivos: setembro07. agosto07. julho07. junho07. maio07. abril07. março07. fevereiro07. janeiro07. dezembro06. novembro06. outubro06. setembro06. agosto06. julho06. junho06. maio06. abril06. março06. fevereiro06. janeiro06. dezembro05. novembro05. outubro05. setembro05. agosto05. julho05. junho05. maio05. abril05. março05. fevereiro05. janeiro05. dezembro04. novembro04. outubro04. setembro04. agosto04. julho04. junho04. maio04. abril04. março04. fevereiro04. janeiro04. dezembro03.

Insanus
alexandre
bensimon
bituca
bruno
cardoso
carol
cisco
cove
daniel
firpo
gabriel
hermano
menezes
nova corja
parada
träsel
vanessa

Blogroll
3 vozes
alliatti
anna martha
antenor
bibs
bulcão
carine
conjunto comercial
dani
diego
g7+henrique
iuri
jousi
lima
lu
madureiras
marcia
mirella
nego
patrício
rodrigo
soares silva
solon
tams

Buenos Aires


Segunda parte: el guelpe de la cuempra

- Isso não vai me causar problemas?
- No, no, no.

A essa altura, o esbaforido castelhano acabara de me explicar que era funcionário do aeroporto e, por isso, não podia desfrutar dos descontos do free shop. Ele queria que eu comprasse para ele no meu nome, usando meu documento, ou seja, formalizasse como minha a compra dele.
Não era de todo espantosa a luta do hermano para achar alguém que topasse fazer a mutreta. No final do desafio, ele estaria levando um home theater completo, com aparelho de DVD e todas aquelas caixinhas, por míseros 150 dólares.
Parecia até um quadro de um programa do Sílvio Santos:

- Você tem que ir lá e convencer alguém a comprar um produto do free shop pra você. A pessoa vai usar o documento dela. E você não pode falar o número três nem os múltiplos de três. Tem que dizer pi, entendeu? Um, dois, pi; três, quatro, pi.

- Me voy a tentar, Sílbio.

- E qual o prêmio se ele conseguir, Lombardi?

- Este fantástico home theater completo, com aparelho de DVD, DVDokê, 5 caixas de som, etc, etc.

(loira de cabelos cacheados vestindo miniroupa entra no palco, empurrando um carrinho com o home theater em cima).

Por outro lado, era difícil a minha situação. Eu estava em um país estrangeiro, longe, bem longe, de dominar o idioma local, e ainda por cima num aeroporto, um lugar estranho onde cada um pega a mala que quer na esteira.
Com os fatores dados eu era capaz de imaginar centenas de probabilidades de golpes, erros e problemas que ajudar o argentino poderia me causar. E se eles registrassem a compra do aparelho e na volta me cobrassem a ausência dele na minha bagagem? E se a compra acabasse com minha cota no free shop e eu não pudesse levar mais nada dali? E se os dólares estivessem contaminados com uma tinta que, em contato com minha pele, me faria adormecer profundamente, só acordando dois dias depois, mergulhado em uma banheira de gelo e sem os dois rins?
Ainda assim, domado por um espírito McGyver, topei o desafio, e fiz a compra em meu nome. (Até agora nada aconteceu, mas estou cheirando os alimentos antes de comê-los, por precaução).

Terminadas as burocracias, eu ainda tinha mais um tempo de calvário no aeroporto, uma vez que o vôo da Carol ainda ia levar mais de uma hora para aterrissar. Aproveitei para passear pelo recentemente reformado Aeroporto de Ezeiza. Cerca de vinte minutos de olhares depois, a primeira das minhas contundentes observações sobre o país do Maradona vem à tona: argentinos, em média, se vestem melhor.


Na terceira parte: finalmente, a cidade. E com fotos.