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Então, como era de se esperar, as cotas nas universidades públicas estão causando problemas, além da já instalada polêmica. Vestibulandos bem colocados e ainda assim reprovados no vestibular da UFRGS começam a entrar na justiça exigindo a vaga que, alegam, deveria ser deles. Sobre esse aspecto jurídico, o Cisco já se manifestou com sabedoria, de modo que vou me ater no ponto conceitual da coisa.
Estudei a vida toda em colégio público. Um colégio grande e bem estruturado para os padrões estatais, mas não por isso menos medíocre na qualidade do ensino que seus pares tutelados pelo governo. Mesmo sendo um ótimo aluno, amado pelos professores e com notas excelentes, eu teria com total certeza fracassado no vestibular da UFRGS se não tivesse feito cursinho.
No pré-vestibular, enquanto muitos revisavam, eu conhecia pela primeira vez conteúdos que meus professores despreparados, mal pagos e desestimulados nunca conseguiram me ensinar – ou sequer mostrar que existiam. Tive que me dedicar bastante para correr atrás do prejuízo e realizar minha meta de estudar em Porto Alegre, na universidade federal. Não digo isso para me vangloriar, mas apenas para chegar à conclusão número 1:
Conclusão 1: O ensino público brasileiro é ruim a ponto de eu não ter adjetivos para descrever a perda de tempo que é freqüentar a escola do estado por mais de uma década.
Exceções? Sim, há. Poucas e localizadas. O grande contingente de estudantes de escolas públicas se forma praticamente analfabeto.
Aí alguém vem e propõe um projeto de cotas, para que negros e pobres possam ter acesso à universidade pública. Não seria mais coerente alfabetizá-los primeiro? Encaminhar jovens como o Saulo – versão sem cursinho para a UFRGS é apenas mais uma solução raivosa da esquerda, que parece sempre mais peocupada em penalizar a “elite” do que em ajudar “o povo”. “Ah, aquele riquinho branco teve tudo e tu não? Pois vamos tirar a vaga dele e dar pra ti agora!”.
Conclusão 2: A esquerda, talvez com a melhor das intenções, cava um buraco mais fundo entre brancos e negros e ricos e pobres, atirando aqueles até então menos favorecidos na cova dos leões, sem nenhum amparo, e jogando mais lenha na fogueira do proconceito racial e social.
Por favor, se o objetivo é melhorar a educação e dar mais oportunidades a negros e pobres, comecem com escolas primárias decentes. Teria sido muito mais fácil para mim se meu colégio fosse bom, sério e preocupado com meu aprendizado. E se existe urgência nessa tentativa de equiparar as coisas, subsidiem curso pré-vestibular por alguns anos, até a escola pública ser de qualidade, para que todos possam tentar entrar na UFRGS com igualdade de condições. Se eu consegui, porque outros não poderiam conseguir também?