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Já ouviram a versão do Cake pra Strangers In The Night?
Pois deviam, deviam mesmo.
O que antes era uma exceção eventual para momentos de correria ou de maior necessidade elaborativa agora virou regra: qualquer post que carregue maior carga dramática ou, Deus, conceitual (cada vez que uso essa palavra sinto como se chupasse um limão inteiro) será elaborado no velho e bom Word, e não mais no Movable Type (que é o programinha que se usa aqui no insanus pra postar e tal).
Ah, sim, convém eu explicar. Por hábito, sempre escrevi os textos direto aqui mesmo, o que não é muito aconselhável, uma vez que o Movable, como gosto de chamar esse meu amigo íntimo, não possui corretor, etc. Ou seja: os textos ficam menos elaborados, menos bem estruturados e mostram mais minha imensa ignorância.
Ainda assim, fui fiel ao Movable por muito tempo por acreditar que, como isso é um blog, era até legal que ele tivesse um caráter mais, digamos, espontâneo.
Porém, estou criando alguns processos para profissionalizar mais a cousa. E o primeiro e mais importante desses processos é, como eu disse lá em cima, utilizar o Word como ferramente básica para a construção dos textos.
Nós fazemos tudo pensando em você.
O triste de saber que programas de tevê são feitos buscando um público-alvo é que a gente perde a inocência egocêntrica de que o mundo da telinha mágica está sempre querendo nos agradar (adendo: é claro que isso vale pra mais coisas do que a tevê, mas quero falar só da tevê, ok?)
Aquele sentimento bom de ficar trocando os canais pensando “gostei” e “não gostei”, como se fossemos um Julio César de chinelos sentado em uma poltrona estofada, que usa o controle remoto como uma forma moderna de apontar o polegar pra cima ou pra baixo perde o sentido. E, claro, a idéia de que os canais de televisão estão sempre se digladiando para fazer programas que a gente goste, mostrar atrizes que achamos bonitas, fazer piadinhas que nos agradem, etc. desce junto pelo ralo.
Dói, confesso, colocar na MTV e sentir que eles não se importam com o fato de eu achar 95% da sua programação abominável. E dói porque eu sei que não posso alegar que eles não conseguiram me agradar. Eu sei que eles sequer tentaram. Tudo foi feito pra menina que usa calça azul da BrasilSul e pro guri que confunde rock com CPM 22.
E não é puramente ranço com a juventude. Também dói colocar na novela América e ver que todos os personagens têm momentos com locução em off pra explicar o que eles estão sentindo. “Sei que eu não deveria roubar, mas não consigo resistir”. Não adianta eu gritar e espernear que isso é horrível. No fundo eu sei que eles não se importam nem um pouco com a minha opinião. E o que pode ser pior que a indiferença, hum?
Enfim, eu gostava mais quando zapear era um momento egoísta, em que eu torcia a cara cheio de razão para o que me desse na telha. Hoje eu sinto como se tivesse alguém sentado ao meu lado no sofá dizendo “sai, sai, não é pra ti isso”.
Sentir-se excluído machuca. Sentir-se excluído por uma novela da Glória Perez machuca ainda mais.
Sorte deles que eu não tenho uma voz em off. Sou polido demais pra dizer tudo que estou pensando.
Conquistei um feriadão, com direito a passeio pela Serra, longas e calmas caminhadas sob o morno sol da tarde, manhãs de sono macio entre lençóis perfumados, pés acomodados em fofas pantufas de algodão e vertiginosos passeios gastronômicos.
Mas fiquem calmos, em breve a mesmice textual e a aleatoriedade estarão de volta. E a pleno vapor.
Alguém leu as páginas amarelas da Veja dessa semana além de mim? Façam, façam, está bem divertido. Tem um cara lá dizendo que devemos ser ateus porque as religiões são cheias de contradições.
E vou dizer, não me parece um bom argumento, definitivamente.
É bem verdade que todas as falhas que ele aponta realmente estão lá. Basta abrir a Bíblia, o Corão ou a Torá e ler os trechos citados. Tudo verdade. As críticas dele me parecem todas corretas, aliás.
Mas querer me convencer a ser ateu porque existem falhas nas religiões é como me pedir pra parar de torcer pro Inter porque o lateral esquerdo é um baita perna de pau. Não faz nenhum sentido.
E o que mais me impressiona, tangenciando um pouco o assunto, mas não muito, é que os ateus costumam olhar para o mundo com um olhar superior. "Hei, veja só, eu sou ateu, eu acredito que vou morrer, virar comida de vermes e só". "Olha, olha, eu sei algo que vocês não sabem".
Convenhamos, comunistas são ateus. Meu irmão é ateu e, caramba, ele é fã de Deep Purple.
E o pior: nem colorado ele é.
Regra número um da felicidade mundana: ouvir Billie Holiday nas tardes de segunda-feira.
Existem algumas coisas no mundo que nascem predestinadas ao fracasso total. Em geral, um ser humano, ainda que pouco dotado de capacidade de raciocínio, consegue percebê-las e evitá-las com razoável eficiência. Por exemplo: não conheço ninguém que ache uma boa idéia passear em meio aos camelôs do centro com uma camiseta "Eu amo a SMIC", ou pelo Festival de Cinema de Gramado com uma "Volta Embrafilme"*.
Ainda assim, às vezes essas situações surgem inevitáveis, e aí só resta aguardar o desfecho lamentável chegar, com todo o seu instransponível poder de constranger.
Pois foi o que me aconteceu ontem. Estava eu bem tranqüilo na festa de lançamento do site d´As Patrícias, sorvendo as deliciosas especiarias servidas no evento e brincando de achar homens heterossexuais no lugar - uma gincana bem divertida em uma festa de moda, acredite ("Ali, ali, acho que aquele não é gay! Olha, ele nem enruga o queixo.").
Mas eis que, do nada, um holofote aponta contra meu rosto. Inebriado pela luz alva e dolorosa, fiquei completamente sem reação por uns dois segundos, tempo mais do que suficiente para que ele se aproximasse. Sim, Tatata Pimentel estava lá e veio me entrevistar:
- Mas o que é isso que estás comendo?
- É um caldo tailandês.
- Comendo caldo com pauzinho?
Cabe eu fazer um imenso parênteses aqui.
Se conversando com alguém com quem não possuo muita intimidade já sou um fracasso, imagina quando trata-se de um completo desconhecido, para um programa de tevê e sob o calor de uma luz cegante.
É obvio que eu não tinha uma boa resposta pra dar. Nada cool e bacaninha surgiu na minha mente, o que, aliás, não me surpreende em nada.
O que eu sempre invejei no James Bond não foi as mulheres que ele pega, os carros que dirige ou a vida que leva, mas sim as tiradinhas muito espertas que ele sempre lança para o vilão-que-queria-dominar-o-mundo, mesmo em situações em que sua morte parecia eminente.
Tudo que eu queria naquela hora era responder algo inteligente e mordaz ("Tu gosta de seres humanos com pauzinhos, por que não posso gostar de comer caldo com eles?"), virar para o garçom e pedir um martini com vodca, batido, não misturado. Porém:
- Ah, é que tem partes sólidas aqui também.
Como eu disse lá em cima, era previsível que terminaria assim.
Só espero que isso nunca mais se repita.
*Menezes, Eduardo.
Já viu a nossa foto na Contracapa de ZH de hoje?
Orgulho da mamãe.
Não me pergunte porque, mas tenho uma simpatia muito grande pelo sobrenome Vilas Boas. Se for com hífen e acento, então, mais ainda. Vilas-Bôas. Vilas-Bôas. Chego a passar horas do meu dia apenas mentalizando essas palavras, sempre devidamente acompanhadas do meu nome.
Saulo Vilas-Bôas. Saulo Vilas-Bôas.
E, puxa, que assinatura massa eu desenharia com essa combinação létrica.
A internet é feita de gênios, como a Neísa, A Jabuticaba, que monta numa pantera e canta um rap cheio de malemolência.
O Cardoso descobriu o melhor site da Internet.
O sítio promete respostas para todas as grandes questões da humanidade, incluindo a mais importante delas: por que os mendigos não ficam carecas?
O setlist para meu momento disque-jóquei de sábado já está definido. Vinte canções especialmente pinçadas de um universo de centenas de gigas de música farão a alegria de quem estiver na pista da Dissonante na hora em que eu comandar as picapes.
Por enquanto, adianto apenas que o melhor da nova sofra do rock indie vai estar lá, além daquelas cousas confirmadas que não podem faltar nunca numa festa.
É hora de alegria, vamos sorrir e dançar.
Segunda-feira coloco aqui o set para que aqueles que faltaram ao evento sejam consumidos por suas bílis.
Eram pouco mais de sete e meia da manhã quando o ônibus surgiu da curva para me recolher da parada. Nesse horário, ele - que atende pelo nome de T3 -, bem como boa parte dos coletivos da cidade, costumam estar atrolhados.
Mas hoje a situação estava um pouco diferente. Ele não estava simplesmente atrolhado, mas completamente entupido.
Assim que ele parou, estimulado pelo meu desanimado aceno matutino, fiz menção de entrar. A porta se abriu para mim, toda LÉPIDA e feliz, entretanto, nenhuma das cerca de dez pessoas que se esmagavam só ali naquela região ao lado do motorista pareceu animada com a minha chegada.
E olha, serei justo, entendo todos eles. Não havia espaço para um Saulo inteiro ali. Eles sabiam que minha entrada significaria rins comprimidos e diafragmas forçados a trabalhar no limite.
Eu, claro, também não estava feliz de ver aquele NOVELO de pessoas emaranhadas na minha frente mas, que fazer? Iniciei minha adentrada.
Coloquei o pé direito pra dentro do ônibus, na esperança de que houvesse um recuo da grande massa de pessoas e eu pudesse me colocar por inteiro no veículo. LEDO engano.
FORCEJEI a situação colocando o outro pé também, alinhado com o direito. Mas nada de surgir espaço.
Tecnicamente, eu já era um passageiro. Porém, efetivamente, ainda tinha uma porcentagem de mim pra fora do carro, incluindo aí minha mochila, nuca e, possivelmente, os GOMOS das minhas nádegas.
Percebendo a situação periclitante e estimulado por um aceno de "vai com fé" de um passageiro que estava bem próximo a mim, o motorista acionou o mecanismo que fecha a porta.
Assim que ouviu aquele "pssssss" que a porta faz ao se mover, meu ágil organismo iniciou um processo de encolhimento muscular e compactação biomolecular, a fim de sobreviver a um potencial esmagamento que, embora não fatal, seria deveras constrangedor.
Graças a minha alta habilidade de ESCAMOTEAMENTO, escapei ileso ao fechamento das compotas e à arrancada do coletivo, feito louvável se considerarmos que eu não tinha onde me segurar.
Como eu conheço o funcionamentodo T3, sabia que ele esvaziaria nas proximidades do Parcão, bem antes do meu ponto de descida. Por isso, apesar de esmagado, eu estava tranqüilo. Consegui até ouvir o protesto dos populares com o transporte coletivo em horários de pico. "Quem vai de pé deveria pagar menos. R$1,75 só pra quem vai sentado". "É mesmo, e deveria ter um ônibus onde todo mundo vai de pé, até o cobrador e o motorista. Seria mais barato".
Gosto quando as pessoas levam as situações limite do dia-a-dia com senso de humor.
Bob Marley não descreveria melhor o amor.
Máfia.
Gabriel nitidamente cobiça Cardoso.
Plongé.
Tá na boca do povo. Tá no coração do muleque.
E tem que estar na tua agenda. Neste sábado, 21, /festa do insanus.
Se uma pessoa foge de uma prisão de segurança máxima, ela deixa de ser uma prisão de segurança máxima?
Agora há pouco, enquanto lia um pertinente comentário do Menezes sobre a saga Star Wars, comecei a refletir sobre alguns aspectos do cotidiano de ter um blog.
Seguidamente, tenho idéias que me parecem bem interessantes não apenas como post, mas como série de posts. Aí publico um, dois textos sobre o assunto e me sinto completamente enfadado dele, incapaz de gastar uma só sinapse de neurônios pela sua continuação efetiva.
Como é um blog, como não faz sentido, como só 5 pessoas lêem, me sinto tranqüilo para simplesmente tangenciar o prometido e nunca mais tocar no assunto, jogando projeto no imenso limbo de idéias que se concretizaram aos pedaços.
Já Star Wars, embora também não faça sentido, tem bem mais audiência, tem até alguns fãs.
Tenho plena certeza de que nem o George Lucas agüenta mais tudo aquilo. Só de pensar em escrever mais um roteiro, riscos congelantes devem percorrer sua espinha.
Imaginem que inferno de vida. Ele vê uma lâmapda fluorescente e lembra de sabre de luz. Vai dar sua malhadinha pra manter o peitoral e lembra da Força. Et cetera.
Mas é aquela coisa, há alguns anos, quando teve o lampejo de voltar no tempo e fazer o "como tudo começou" da saga, ele acreditou que três filmes pra trás era uma boa idéia.
Aí, como não é um mero blogueiro, e como tem MILEÕES envolvidos, ele é obrigado a mergulhar num mar de vetores de computação gráfica e sofrer um calvário interminável.
Até acho que ele mesmo cria essas contagens regressivas que o Menezes citou. Se é pra ser açoitado que seja com um chicote com pregos na ponta.
Olha, olha, tem fotos dos insanus por todo lado. Já viu?
Tem aqui no blog do Träsel. No do Gabriel. No do Cardoso.
O cara barbudo, vestindo camiseta com detalhes em vermelho e tomando sorvete de CREME RUSSO sou eu, claro.
Uma resenha de filme mudou minha vida nesse final de semana. Está lá, naquele filme sobre os últimos dias de Hitler: "seus últimos dias, em companhia de SEU CACHORRO...".
Há.
Quero ver agora quem vai vir com aquele argumento sem sentido de que quem não gosta de cães não é boa gente. Claro, legal mesmo era o Tio Adolfo.
Decidido a escrever minha biografia, resolvi, por preguiça, começar pelos pontos mais fáceis, aqueles em que tenho pouco ou nada a dizer:
Drogas - aos onze anos, juntamente com meu irmão e um amigo, peguei uma bagana de cigarro do meu pai e acendi. Sem saber o que significava fumar - além do ato de colocar o enrolado de fumo na boca -, engoli a fumaça. Me esgasguei e fiquei com um gosto terrível nas papilas. Nunca mais experimentei NADA.
Homossexualismo - jamais. Meu gosto por programas como o GNT Fashion levantou algumas suspeitas, todas rapidamente esquecidas assim que plantei o boato da existência de um grupo terrorista homofóbico chamado Queima o Rosca, do qual eu seria líder e mantenedor principal.
Porres homéricos - nasci velho. Entenda: não maduro, mas velho. Nunca gostei de beber, e mais, nunca, repito, nunca fiquei bêbado. Tenho orgulho disso? Não. Vergonha? Tampouco. A única coisa concreta que posso afirmar é que é bastante duro viver sem o álibi do "eu estava torto de BÊBEDO, então...".
(continua)
Pelo menos por alguns meses.
Não percammm.
Memoriza comigo: dia 21, festa do Insanus.
Ainda não posso falar dos detalhes, mas adianto que estou envolvido nos processos criativos e organizacionais da festa.
Ou seja: promete.
Fazia tempo que não rolava um PISCINÃO DE RAMOS lá em casa, mas com a chuva de ontem foi mesmo inevitável.
Sorte que tenho quase quatro anos de know-how em alagamentos, sendo pelo menos dois deles mergulhado, com o perdão do trocadilho, em uma realidade em que bastava uma leve pancada d´água para Veneza surgir na janela do meu quarto.
As coisas melhoraram muito nos últimos tempos. É preciso que chova MESMO pra alagar e, quando isso acontece, a água escoa bem mais rápido.
EGOISTICAMENTE falando, eu até preferiria que o alagamento, tendo inevitavelmente que surgir, durasse mais. Não deixa de ser frustrante a sensação de que se eu tivesse esperado mais meia hora pra ir pra casa, teria chegado DEMI SECO em meus aposentos.
Não foi o que aconteceu, claro. Usando da minha experiência, até consegui desviar de muitas poças, afinal, eu conheço as minhas cercanias muito bem, sei onde estão os pontos críticos.
O problema é que a porta do meu prédio é um ponto crítico. E aí não teve jeito, tive que sentir a água me lamber até acima dos tornozelos, atingindo todo o primeiro terço das minhas finas canelas.
Tudo bem, aproveitarei para lavar meus tênis.
Problemas de coluna fazem parte da história da minha família. Minha avó paterna, por exemplo, diminuiu DOZE centímetros de altura nos últimos vinte anos, graças a uma descabida empenada de sua espinha para a direita - segundo ela, provocada por décadas bordando e costurando em má posição. Nunca esquecerei o dia em que fui com ela a um centro ortopédico de Passo Fundo. Ao ver a radiografia das costas dela, o médico chamou todos os que estavam vestidos de branco por ali para ver o fenômeno.
Pelo lado materno, as coisas não são diferentes. Minha mãe tem problemas de postura e sofre de fortes dores no pescoço e nas pernas.
É claro que comigo não seria diferente.
Problemas nas minhas costas foram notados pela família desde minha mais tenra idade. Minha vó, vergada pela coluna e pelas dores (suas costelas se esfolam no osso da bacia, provocando dores terríveis), percebeu que ali estava um caso potencial para problemas como o dela.
Assim, desde criança fui policiado a manter boa postura e evitar contorcionismos corporais que prejudicassem minha saúde. Mas, claro, nunca me disciplinei muito. Manter as costas arqueadas parecia confortável e o único jeito de deixá-las retas sem que eu tivesse que pensar nisso o tempo todo - usar um SUTIÃ ortopédico - foi rapidamente descartado pelo adolescente Saulo, por motivos óbvios.
Tolerante, aceitei fazer exercícios físicos regulares. Era uma oportunidade para eu perder os quilinhos que me afastavam das garotas.
Aos treze anos comecei a MALHAR. Com suavidade, claro, de maneira coordenada para alguém com o corpo ainda em formação. Mas fiquei mais durinho, com mais preparo físico, e passei a entender tudo de anilhas, supinos e agachamentos. Ok, essa última parte não foi tão valiosa.
Fiz alguns amigos no ambiente suado também, o que, por incrível que pareça e a revelia da minha antipatia natural, sempre acontece quando freqüento algum lugar com assiduidade.
Pratiquei musculação diariamente até os 18 anos, com alguns intervalos nesse período. E com seriedade, indo todos os dias. Cheguei a fazer 800 abdominais por dia uma época, além de correr uma hora na pista lá perto de casa.
Mais tarde, já morando em Porto Alegre, voltei a praticar o levantamento de pesos, mas agora visando o BOMBAMENTO da minha estrutura corpórea. Mais um ano e pouco de academia, mas sem muito resultado - foi aí que aceitei minha natural magreza, num processo bonito que me conduziu à felicidade.
Ah, mas eu falava mesmo era das minhas costas. Pois bem, há pouco mais de um ano, elas começaram a manifestar-se com mais vontade. Dores no pescoço, nas costas, no joelho esquerdo.
As costas melhoraram muito quando troquei de emprego e passei a usar cadeira e mesa decentes. O pescoço e o trapézio, especialmente do lado esquerdo, incomodam muito. O joelho ataca às vezes.
Sutilmente, comecei a adotar mudanças na minha rotina, começando, claro, pelas mais prazerosas. Troquei meu velho e ACANOADO colchão por um delicioso espécime de molas e passei a fazer sessões de massagem.
Melhorou bastante, admito. Mas o pescoço ainda causa dores de cabeça, especialmente quando potencializado por excesso de horas dormidas. Já o trapézio está "quase condenado", como diz minha massagista, que precisa usar um INFRA-VERMELHO para amolecer meu músculo antes de massagear.
A mudança de hábitos precisa ser bem mais profunda, eu sei, mas algumas coisas precisam esperar. Voltar a praticar exercícios regularmente, por exemplo, além de me provocar arrepios, é impossível agora. Simplesmente não há tempo - a não ser que eu malhe durante o almoço, o que considero totalmente antisaudável.
Ainda bem que eu não sei bordar.
Após alguns anos recluso, começo a preparar o lançamento de meu mais novo livro, "O Homem Que Queria Ser Riff de Baixo", uma comovente novela sobre a banalidade da vida humana e a falta de sentido de nossos sonhos e esperanças.
"Os Cds são AROMATIZADOS, para que você possa aproveitar todas as SENSAÇÕES que a música proporciona."
Isso é o que eu chamo de diferencial de produto.
Agora tem antena parabólica aqui na casa da minha mãe, em Passo Fundo. Não é muito perto de NET ou Sky, mas é um aumento substancial do ESPECTRO para quem só dispunha dos canais abertos da capital do Planalto Médio - Globo, Band, Record e FIM.
Além de um bom punhado de canais religiosos, tem uns dois ou três de leilão de animais, um de corrida de cavalos, uns não-identificáveis, uns de venda, SBT, Rede Vida, TV Câmara, TV Senado, Globo sem o dedo maçante da RBS, essas coisas todas.
Mas o que me fascinou mesmo foi um canal muito tosco, que não consegui identificar, tampouco parar de assistir. Para entender do que se trata, imagine o que aconteceria se chamassem todos os donos de Chevette rebaixados e com neon de um lugar e dessem a eles câmeras e um estúdio.
É muito mais do que tosco, é brega quase ao ponto de ofender.
Ainda assim, não vou dizer que é a pior coisa que já vi. Mesmo desconsiderando o Canal Comunitário da NET (onde até o Testemunha de Jeová, filme estrelado por mim, já passou várias vezes), tem coisa pior em Porto Alegre.
Basta lembrar da Guaíba, com sua programação visual feita em Power-Point e seus programas matinais de domingo.
Ah, já que estou pulando aleatoriamente de um assunto pra outro: uma vez, assistindo a Guaíba, vivenciei um dos mais hilários momentos da minha vida.
Era um programa de atrações variadas que, por algum motivo qualquer, estava sendo gravado em uma praça em Canoas. Tudo que eles fizeram em termos de produção de set foi pendurar um banner na frente do improvisado palco.
Então, chamaram um grupo formado por pré-adolescentes para cantar uma versão de uma música do Backstreet Boys com uma letra que incentivava as pessoas a PRATICAR JUDÔ.
No meio do número, enquanto os jovens mostravam toda a malemolência de seus passos ensaiados, o banner CAI de um dos lados. Sem pestanejar, o apresentador corre pra lá, e passa o resto da música segurando o banner.
Eu pensei que ia morrer.
Confirmada a tragédia: esta semana que começa será a última do Chaves no SBT. Comprem suas fitas e gravem, vai valer muito em breve.
Vamos torcer pra que a Record seja suficientemente perspicaz a ponto de pegar pra si o pote de ouro.
E, já que é pra torcer, façamos figa pra que Chaves e Chapolin virem belos boxes de DVD um dia.
Ok, os pólos se uniram e uma idéia para um post surgiu. Mas será mesmo uma idéia boa? Será que rende um bom post? Será que o assunto se basta? Como vai ser desenvolvido o texto, por este caminho ou por este?
A fomentação é a etapa em que a idéia começa a ganhar corpo, começa a se desenvolver. Utilizando a pior metáfora que já formulei na vida, poderia dizer que a semente está pronta, é hora de começar a pensar na forma do plantio, no tipo de solo, etc.
Ao mesmo tempo, a fomentação marca o surgimento de um mecanismo de controle que, embora seja mais forte aqui, vai estar presente no post daqui até a sua publicação: a pré-testagem.
Funcionando em paralelo ao raciocínio de criação do post, a pré-testagem é o agente responsável pela censura e pelo controle de qualidade. É ela que vai dizer se a idéia vale mesmo a pena.
De acordo com estudos da área (fonte: minha memória), a pré-testagem é muito mais forte na fomentação do que em qualquer outra etapa. Isso signficica que, se uma idéia passa pela fomentação, ela tem boas chances de vingar como post.
O interessante no processo é que a pré-testagem não funciona apenas como agente ceifador. Ela tem uma relação muito mais interessante e construtiva, uma vez que pode, ao invés de matar o lampejo, sugerir alterações de curso que o conduzam para um rumo mais eficiente, levando à publicação de um bom post.
O processo de fomentação de "As cem melhores..." foi bastante tranqüilo. Por ser uma idéia pouco inovadora, não sofreu grandes censuras, muito pelo contrário: o relatório final mostrou que o post seria não apenas divertido pelos comments indignados que poderia proporcionar, mas também pelo seu processo de construção em si.
A única ressalva, claro, era em relação a dificuldade de execução do processo - listar cem músicas? comentar todas? já parou pra pensar na responsabilidade de dizer que essas são as cem melhores coisas que tu já ouviu?
Por sorte, o meu processo de pré-testagem não passa de um funcionário público acomodado. Ele dificilmente interfere nos posts, em nenhuma etapa.
Bom, Mujique tá aí pra provar.
No próximo episódio: Concepção. Tudo pronto, hora de decolar.
Já está no ar o mais novo blog do Insanus, Conversas Furtadas. Trata-se de um projeto coletivo de vários dos integrantes da máfia, capitaneado pelo Träsel.
A idéia é registrar lá conversas que a gente escuta nas ruas, no ônibus ou em qualquer outro lugar.
Assim que eu descobrir como se posta em um segundo blog no Movable Type, deixarei lá minhas contribuições dispensáveis.
Vamos brincar de Dráuzio Varela?
Convido todos a acompanhar comigo o nascimento e a evolução de um post, desde a sua concepção mais inicial até o momento em que ele acaba aqui, disponível para vocês, meus cinco queridos leitores.
Para matar dois animais desferindo apenas um golpe, vamos acompanhar a gestação do post "As Cem Melhores Coisas Que Já Ouvi", já prometido aqui outrora. Assim garanto que ele sairá.
A gestação de um post
Posts podem nascer de pelo menos algumas centenas de jeitos diferentes. Podem vir de uma situação vivida - o texto de blog em essência -, da necessidade de expressar alguma opinião, de falar de algo que se leu/ouviu/viu, de noticiar fatos, etc. E esses fatores ainda podem se combinar entre si infinitamente, formando HÍBRIDOS.
Tudo isso, claro, sempre vai depender do perfil do blog e de quem o escreve. Alguns podem falar de tudo o que está aí em cima. Outros podem não falar de nada disso.
Mas independente do tipo de post, todos têm alguns aspectos em comum. Esses aspectos formam a espinha dorsal do texto de blog. São eles: o estalo, a fomentação, a concepção, a execução e a publicação.
É claro que etapas podem ser puladas, misturadas, ignoradas ou adicionadas nesse processo, mas em geral acontece mais ou menos assim.
O Estalo
Eureka dos blogueiros, o estalo é o momento em que se juntam dois pólos: de um lado, está um assunto potencial, do outro, um blog esperando esperando por textos.
O estalo é o ímã que atrai um pólo para o outro.
Para mim, é expresso verbalmente através da expressão "hm, isso dá um bom post". Mas talvez para os outros não seja nada disso.
Curioso é que quando temos uma certa, digamos, responsabilidade de escrever ("tenho um blog e preciso mantê-lo atualizado"), a gente passa a viver num estado constante de vigília, sempre em busca do estalo que vai unir os pólos.
Particularmente, não acho isso ruim. Hoje olho para tudo de modo mais atento, cuidadoso. Um homem andando de bengala na rua pode render texto. Um caco de vidro no chão também.
E nada disso é forçado ou cansativo, apenas canalizei uma energia que sempre tive. A energia de estar constantemente observando as coisas.
No caso específico do "Cem Melhores...", o post nasceu, pura e simplesmente, da minha vontade de fazer minha própria lista de melhores canções. Eu estava cansado de listas que não colocam cinco músicas dos Beatles entre as cem melhores.
Dei uma de PT. Cansei de ser pedra e quis ser vidraça.
No próximo episósio: Fomentação. A hora de começar a transformar uma idéia em texto.
Quando o Orkut ainda era uma novidade e não tinha sido invadido pelos brasileiros, eu entrava em todas as comunidades que me convidavam. Lembro até de uma vez em especial, quando o Firpo me convidou pra entrar numa comunidade de Jungle.
Eu não fazia idéia do que ele estava falando, mas entrei. "Deve ser mais alguma piada divertida, como a Celso Roth ou a Patrese", pensei.
E, mesmo quando descobri que jungle era um tipo de música (não, eu não sabia antes, como ainda não sei, na verdade, embora atualmente eu suspeite que tenha algo a ver com coisas eletrônicas), continuei nela por um bom tempo.
Depois que a febre do SITE DE RELACIONAMENTOS pegou, virou um horror. A todo momento tinha alguém me convidando pra algo que eu desconhecia por completo, de "Galera do fundão" a "Eu como caroço de azeitona com maionese", e em geral coisas chatas e sem graça.
Bom, mas tudo isso para falar que esses dias via a comunidade O CAPITÃO PLANETA TEM MULLETS. E sorri feliz, ao perceber que ainda existe diversão no Orkut.
Só eu fui iluminado por densa sabedoria e preferi ver o Boa Noite Brasil ao filme do Van Damme segunda de noite?
Nada contra o filme, que parecia uma bela obra, a julgar pelos dois minutos de diálogo que presenciei, mas o programa do Leão estava divino, com o perdão do trocadilho.
No palco, entre estátuas brancas do rei das selvas, estavam alguns dos maiores gênios do humor, do deboche e da falta de sentido que já vi. Ah, também são conhecidos como médiuns.
Mas veja, não apenas méduins do tipo comum, que psicografa. Estavam lá pessoas que recebem espíritos de cantores e pintores.
Foi brilhante. Logo que coloquei no programa, um homem estava pintando, com os dedos, uma tela. Leão pergunta:
- Quem está aí?
- É o Claude Monet.
- Ah, tudo bem SEU CLAUDE?
Chorei de rir. Sério, como assim “Seu Claude”? Por acaso é cumpadre dele?
Mas não parou por aí. Depois do Seu Claude dar uma breve lição filosófica sobre vida e morte (“A morte não existe”, “Ah, perdão Seu Claude”), foi a vez do cantor mostrar seu DÃO.
Primeiro, ele fez todo um ritual de concentração. Sentado, de olhos fechados e com a cabeça levemente arqueada sobre o violão, dedilhou alguns acordes:
- Quem está aí?
- É o Agenor, mas pode me chamar de Cartola.
- Ô, tudo bem, Cartola?
Tem que ser gênio para ter tanto cinismo assim.
Cartola toca uma canção “composta especialmente para aquele momento”. Enquanto isso, o médium que PSICOPINTA já está recebendo outro artista, numa verdadeira orgia em óleo sobre tela.
Agora é um pintor chinês, desconhecido pra mim, que pinta um quadro e rapidamente o dedica para a modelo-atriz-apresentadora que estava lá, como convidada. Ah, esses chineses, hein, não perdem uma!
Volta para o psicocantor:
- É Cartola?
- Não, aqui é Vinícius de Moraes.
Em uma atitude humilde, fui dormir. Eu já tinha visto mais do que merecia.
Episódio de hoje: o atuante social
Poucas coisas me desagradam tanto quanto ser coagido a ter opiniões sobre assuntos que não me interessam. Basta eu estar ali, quieto no meu canto, e, BATATA, ele vem e me entrega um folheto e um adesivo mal feito dizendo que tenho que me revoltar com algo que ele acha absurdo.
Sempre aceito os folhetos, claro. Sou um cara POLIDO. Às vezes leio. E vou dizer, até rio em alguns casos. Mas pára por aí. Não tenho vontade nenhuma de me sensibilizar com nada, ao menos não a ponto de sair gritando isso por aí. Baleias, cachorros, camada de ozônio, desemprego, desarmamento, não importa, não quero saber.
O engraçado é que quem acaba taxado de insensível sou eu, e não ele, que anda atrás das pessoas o tempo todo, cutucando paletas com seu dedo grosso e dizendo “hein, hein? Não concorda, hein, hein?”, “é um absurdo, hã? Não acha, não acha?”. É desagradável se sentir pressionado dessa maneira, ele deveria saber. Todos deveriam saber.
Mas o pior é que são sempre assuntos cheios de, Deus meu, PRÓS E CONTRAS. E ele sempre vai citar uma experiência semelhante que aconteceu no Canadá ou na Birmânia, como se fosse fácil assim transpor o problema de uma realidade social para outra.
Por que eu não posso simplesmente mergulhar na minha apatia social e ficar ali, onde é quentinho e confortável? Por que a taxa de juros tem que tirar meu sono, se eu pagaria um imposto apenas para nunca mais ter que ouvir de ninguém sobre o problema dos impostos?
Por que sou olhado com desprezo se não pego um megafone e saio pela rua gritando rimas ridículas, ou se não meto o dedo na cara de um transeunte que joga lixo no chão? Não basta eu apenas jogar o lixo na cesta da cor certa e, num esforço homérico, resmungar e abanar a cabeça horizontalmente quando alguém não faz isso? Por que, JÉSUS, eu tenho que ser desagradável?
Acabo de BOLAR meu mais novo empreendimento: uma produtora de festas infantis com temas históricos. Algumas das opções que serão oferecidas:
Holocausto
O salão de festas é cercado com uma espessa cerca de arame farpado. Recreacionistas vestidas de oficiais da SS comandam as brincadeiras, que variam de quebrar pedras a carregar objetos muito pesados, passando por uma grande variedade de simulação de humilhações físicas e morais.
Seu filho, devidamente vestido de ADOLFO, dará um grande discurso emotivo sobre a importância de completar 8 anos, e sobre sua superioridade frente aos seus coleguinhas que não têm todos os Hot Wheels da nova coleção.
No grande momento, as crianças serão conduzidas para uma câmara de gás, com a falsa promessa de que o cubículo estará cheio de doces deliciosos. Uma chuva de balas de algas frustrará a todos, causando um trauma indelével em suas jovens mentes.
Cruzadas
Vestido de Papa, o aniversariante enviará seus convidados para recantos longínquos, onde doces e lembrancinhas esperam por eles. Porém, para conseguir esse tesouro, os jovens terão de enfrentar a ira do síndico do condomínio e seus agregados, indóceis habitantes da terra dos doces escondidos.
Inquisição
O aniversariante é o inquisidor-mor que persegue crianças vegetarianas. Os convidados, por sua vez, são encorajados a se delatarem mutuamente. O clima é de traição e maldade. Quem for acusado, passa por um breve e injusto julgamento. Se houver provas contundentes de sua culpa (aspecto pálido e intestino bem regulado), o jovem veggan é condenado a ser a pessoa que procura durante toda a brincadeira de esconde-esconde. Se comprovado que ele, além disso, não compra nada feito de couro, a pena é ainda mais cruel: o jovem terá também que deixar o gordinho da turma vencê-lo na corrida e se bater, enquanto grita com sua voz fina “um, dois, três pra mim!” e REMELEXE suas banhas de tanta alegria.
Revolução Farroupilha
O aniversariante é um contrabandista de docinhos. Quando a mãe de seu amiguinho resolve ela mesma buscar docinhos na mesa e levar para seu filho, o aniversariante se revolta.
Então, em uma arena, o aniversariante briga contra todos os seus convidados juntos. A luta dura cinco minutos. Ele perde, mas passa as quatro horas restantes da festa se vangloriando por essa batalha. Acompanha hino, pira e sentimento bairrista sem sentido.
Vai BOMBAR.