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Estive em São Paulo esta semana. (Gostaria de dizer que esse é o motivo da ausência de posts dos últimos tempos, mas a verdade é que a falta de novidades não se deu por culpa de um deslocamento físico, e sim por um certo marasmo mental). Fui na quinta de manhã e voltei hoje na metade da tarde, o que pode parecer pouco tempo se considerarmos a infinidade de opções que a Terra dos Tons de Cinza oferece, mas é o suficiente para trocar de ares, descansar, entediar-se com a programação da TV, oxigenar a rotina (por mais irônico que isso possa parecer em São Paulo) e participar do jantar de um prêmio de propaganda.
Os únicos lugares legais onde estive foram a cama do hotel e a mesa de sobremesas do supracitado evento. Mesas, aliás: uma com crepes, biscoitinhos, trufas e demais docinhos de pequeno porte, uma com tortas e outra com buffet de sorvete.
O mais interessante de tudo, todavia, foi a viagem de ida. Durante todo o vôo (Varig, que saiu pontualmente, na ida e na volta), o céu permaneceu limpo, permitindo que os passageiros da janela, como eu, brincassem de Google Earth real. É em situações assim que a gente se dá conta da distorção que voar de avião representa nos nossos parâmetros, escalas e proporções. "À direita, podemos ver Florianópolis e, logo mais, à esquerda, Curitiba", falou o comandante. Assim, despretensioso, como um guia de city tour que diz "aqui o paço municipal, ali o coreto e as pombas".
Assim que passamos por Curitiba (ou seja, uns 5 minutos depois), o avião começou a viajar acompanhando a costa. Verde, areia, mar azul-esverdeado e aquele cenário todo que dispensa descrições até Santos, quando a aeronave fez a curva rumo à capital. Entre Santos e São Paulo, novamente a distorção de proporções: olhando para trás, o mar e a cidade do Chorão, olhando pra frente, a capital financeira do país (na verdade, na hora, supus que era São Paulo o que parecia ser uma cidade escondida atrás de uma assustadora massa de ar cor de chumbo).
Para selar com ouro a bela viagem, vencemos nossa categoria no prêmio e trouxemos pra POA o troféu. Nunca foi tão prazeroso carregar uma mala pesada.
Miniresenhar discos pra Void é minha mais nova diversão. Na edição que está agora nas bancas, minha dispensável opinião sobre o segundo álbum do Secret Machines.
E vem mais por aí.
Séculos e mais séculos de comportamento cavalheiro fizeram da mulher um ser um tanto quanto insensível a algumas normas da etiqueta e boa educação. De tanto ter sua cadeira puxada, a porta do seu carro aberta e pisar no sobretudo dos outros para não molhar seu pezinho na poça d´água, a mulher esqueceu que às vezes é de bom tom ceder.
E digo isso após constatação altamente científica (fonte: meus cerca de 3 Km diários de caminhada e observação do mundo). Reparem a postura de dois homens quando a porta do elevador se abre e cada um deles está de um lado dela. A possibilidade de ambos ficarem dizendo "por favor", "faço questão", "imagina, você primeiro" e outras gentilezas ad infinitum enquanto mexem seus bracinhos como quem estende um tapete vermelho é enorme. Agora imagine duas mulheres e a possibilidade de choque seguido de tilintar de bijuterias e sensação mútua de confusão e incompreensão com o que está acontecendo vêm na mesma proporção. Esta, aliás, é a parte mais interessante: elas sequer se dão conta do porquê da batida. "Como assim o caminho não estava livre para mim?".
Sob certo aspecto, a redução dos gestos cavalheiros por parte dos homens nas últimas décadas pode ser vista como uma nobre e gentil tentativa masculina de fazer as mulheres perceberem esta pequenina falha em seus comportamentos. Não em relação a eles, que devem ser sempre prestativos mesmo, mas em relação às outras mulheres, a quem os homens prezam e admiram na mesma medida.