Acabou tudo

O Bruno (que também me mandou a origem de tudo) lançou o link. Tá tudo lá. Não é só uma música, é um PROJETO com 7 músicas (mais um remix de Filtro Solar).

É sério: a humanidade não tem mais nenhuma esperança.
Não vale mais a pena viver.

Filtro Solar
por Pedro Bial

O pai da criança é Alex Schiavo, vice-presidente de A& R e Marketing da Sony. Alex nos procurou e disse que precisava nos encontrar pessoalmente, não dava para explicar o motivo por telefone ou e-mail. Ele tinha algo a nos mostrar.
Não teria sido possível explicar mesmo.
Schiavo nos mostrou uma FAIXA COMOVENTE, em que ora NOSSOS OLHOS MAREJAVAM, ora UM SORRISO SE INSINUAVA NA NOSSA CARA, sem que a gente percebesse. Um sujeito de VOZ TÃO GRAVE QUANTO RECONFORTANTE falava sobre a vida, sobre a natureza das coisas e dos conselhos. Todo esse discurso rolava sobre uma CAMA SONORA ESPERTÍSSIMA, que DAVA VONTADE DE DANÇAR.
A faixa era “Sunscreen”, a voz era de Lee Perry, o tal leito musical era a canção “Everybody’s free”, de Baz Luhrman, e O TEXTO, ESPERTÍSSIMO, era de Tim Cox e Nigel Swanston.
A primeira definição que nos ocorreu foi: “É UM ‘PROSAC’ AUDITIVO!”. Com os devidos descontos e acréscimos, é isto mesmo. E se não era exato, era um bom começo para encarar o desafio que Alex Schiavo fazia a nós dois, Isabel Diegues e eu.
A saber: desenvolver e explorar a idéia, ou as idéias contidas no formato, e fazer um disco todo assim, desse jeito diferente. VOCÊ NÃO TOPARIA? Pois é... Nós topamos.
Começamos por traduzir a faixa que veio a dar origem à série, “Filtro Solar”. Na tradução, procuramos TRANSCENDER ALGUNS ASPECTOS TÍPICOS DA CULTURA NORTE-AMERICANA E JOGAR COM VALORES UNIVERSAIS. Estou QUASE convencido de que fomos bem-sucedidos. O TESTE DEFINITIVO SERIA VERTER PARA O IDIOMA TIBETANO E INVESTIGAR A REAÇÃO DO DALAI-LAMA...
Botei minha voz na reta. NA INTERPRETAÇÃO DE “EVERYBODY’S FREE”, CIDÁLIA, “BACKING VOCAL” DO CIDADE NEGRA, SIMPLESMENTE ARRASA. DIFÍCIL CRER QUE A DONA DAQUELA VOZ NEGRA TENHA PELE BRANCA...
Daí para frente, Isabel e eu fomos procurando e escolhendo textos que se adequassem ao projeto.

Para ler o poema “Mude”, de Édson Marques, bastante popular na Internet, o talento e a voz da jovem atriz Simone Spolandore se impuseram naturalmente, era como que se fosse indiscutível, tinha que ser ela. Com sua DICÇÃO QUE NÃO JOGA FORA UMA CONSOANTE SEQUER, Simone nos brindou com MANSA SENSUALIDADE. David Villefort e Rodrigo Sha AGARRARAM O ESPÍRITO DA COISA PELO COLARINHO E “CONVERSARAM” COM AS PALAVRAS DE UM JEITO SURPREENDENTE.

“Palavras ao vento” foi montado a partir de um livro de 166 páginas, o “Pequeno dicionário de palavras ao vento”, de Adriana Falcão. A escritora demonstrou um TREMENDO ESPÍRITO ESPORTIVO E APOIOU A HERESIA, até gostou do resultado final! LÁZARO RAMOS LEU LINDAMENTE, COMO, ALIÁS, LINDAMENTE VEM CONDUZINDO A SUA JOVEM CARREIRA. Leléo e Lucas Marcier fizeram a música de forma magistral, não somente criando uma trilha sonora, mas reforçando sentidos e permitindo que a POESIA AFLORASSE AOS OUVIDOS DO FREGUÊS...

E os dois músicos ainda foram além e ROÇARAM O SUBLIME NA AMBIÊNCIA da faixa “Bom, ruim, assim assim...”, com uma LEVADA QUE REJUVENESCE O OUVINTE UNS TRINTA ANOS, em questão de instantes... “Bom, ruim, assim assim...” é uma enxugada radical do texto que fecha o meu livro “Crônicas de repórter”. Isabel achou que prestava, ainda que seja talvez o MOMENTO MAIS MELANCÓLICO DE UM DISCO QUE PRETENDE ENXOTAR MELANCOLIAS VÃS.

O “Estatuto do Homem”, bem, o “Estatuto do Homem”, de Thiago de Mello, um clássico popular, foi uma bela sugestão de Ronaldo Viana e Bruno Batista. O poema é uma REFERÊNCIA NA CABEÇA NÃO APENAS DE LEITORES MADUROS, MAS TAMBÉM É RECONHECIDO DE CARA POR JOVENS MENOS AFEITOS À LEITURA. Mano Melo aceitou defender os versos, com a garra, o senso de humor e a entonação de visionário que o caracterizam. A música? Só podia ser “Freedom”, de Jorge Miguel, digo, GEORGE MICHAEL...

Já estávamos bastante contentes, até que chegou a notícia que nos deixou eufóricos. Fernanda Montenegro tinha não apenas aceitado, como adorado o convite para ler o texto de DANUZA LEÃO, “Mães”! Danuza foi compreensiva e permitiu que diminuíssemos um pouco o maravilhoso texto que fecha a primeira edição de “NA SALA COM DANUZA”. DJ Mam e Davi Villefort SEGUIRAM O EXEMPLO DAS CRIANÇAS: BRINCARAM DE SER SÉRIOS E LEVARAM A SÉRIO A BRINCADEIRA... A TRAVESSURA AÍ ESTÁ, SABOROSA, PARA TODO MUNDO PEGAR CARONA.
De Fernanda Montenegro fica difícil falar, mas há que se registrar que a tal “grande dama” não apareceu... Ao contrário, ficou provado que tal epíteto é só fruto da preguiça de jornalista viciado em clichê. Fernanda SE JUNTOU À GALERA COMO ‘BRÓDER’ E DISTRIBUIU GENEROSIDADE, GRAÇA E MALANDRAGEM BEM CARIOCA.
A propósito, não foi intencional, mas AS VOZES DE “FILTRO SOLAR” PASSEIAM POR SOTAQUES DO BRASIL. Fernanda é carioca; Simone, curitibana, Lázaro vem da Bahia e Mano é CEARENSE SEM PRAZO DE VALIDADE.
O remix final de “Filtro Solar” foi um presente inesperado de Ramilson Maia. Bônus para nós e para vocês.

Ah, e o único cantor aqui presente dispensa notas musicais ou sonoplastia. TONI GARRIDO LÊ A SECO o poema de Claufe Rodrigues, “Escreva sua história”, do livro “Poemas para flauta e vértebra”- palavras para dançar...

“Filtro Solar”, o disco, está aí para LANÇAR SEUS RAIOS DE GOSTO PELO VIVER, e sua VONTADE DE CELEBRAR A VIDA - este MISTÉRIO QUE SÓ SE TORNA SINGULAR QUANDO ALCANÇA O PLURAL. E VICE-VERSA.

VAI DAR PRAIA! QUEM QUISER PEGAR UMA COR, SEM MALTRATAR A EPIDERME, POR FAVOR, DEITE-SE OU NÃO; MAS, POR FAVOR, DELEITE-SE...

Creative Commons License