Excelentes razões para botar metrô IMEDIATAMENTE em Porto Alegre

Um em cada cinco moradores da Capital se desloca a pé

A Edom se baseou em entrevistas com 48 mil pessoas, representativas de todo o universo porto-alegrense. O dado mais curioso entre todos os pesquisados é que 22% dos entrevistados se desloca a pé ou de bicicleta para o trabalho ou a escola.

Conforme a pesquisa Edom, elaborada a pedido da EPTC, 36% da população usa carro para se locomover. É um índice semelhante a Genebra (Suíça), cidade de Primeiro Mundo. A frota porto-alegrense é de cerca de 500 mil carros, o que dá uma média de um carro para cada 2,8 pessoas. Ou seja, existe um carro para cada casal.

Leia a matéria toda aí em baixo:

Zero Hora

Porto Alegre, 04 de janeiro de 2005.

Edição nº 14378

Geral

Transportes

Um em cada cinco moradores da Capital se desloca a pé
Pesquisa que ouviu 48 mil pessoas foi encomendada pela EPTC

HUMBERTO TREZZI

Nem carro, nem ônibus, nem moto. Um em cada cinco porto-alegrenses usa as próprias pernas para ir e voltar do trabalho ou para se deslocar até a escola.

Faz isso para economizar o dinheiro da passagem ou para não gastar com a gasolina do automóvel. A maioria deles reside no Centro e trabalha nas imediações.

Essas constatações são da pesquisa de origem-destino denominada Edom (Entrevista Domiciliar), encomendada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A Edom se baseou em entrevistas com 48 mil pessoas, representativas de todo o universo porto-alegrense. O dado mais curioso entre todos os pesquisados é que 22% dos entrevistados se desloca a pé ou de bicicleta para o trabalho ou a escola. Se projetado para todo o 1,3 milhão de habitantes da Capital, isso equivale a 260 mil pessoas "perneando" pela cidade, todos os dias.

- Menos de 1% dos entrevistados usa a bicicleta. Quase todos vão a pé mesmo - ressalta Francisco José Horhe, dirigente da EPTC que coordenava o Plano Diretor de Transportes da Capital até a última sexta-feira (quando ocorreu a troca de governo municipal).

Horhe acredita que a descentralização das escolas, com matrículas para pessoas do próprio bairro, faz com que o estudo fique mais próximo da residência dos cidadãos - o que estimula a ida a pé até o colégio. Isso acontece predominantemente no eixo entre a Avenida Ipiranga e os bairros situados próximo ao Guaíba, em distâncias curtas. O dirigente da EPTC admite que a venda de vales-transporte é epidêmica e contribui para que, depois de obter dinheiro desta forma, muitos usuários usem as pernas como meio de locomoção. Francisco Schreinert, diretor de transportes da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), menciona outro fator.

- Porto Alegre tem tarifa única. Para quem se desloca para longe, o preço compensa. Para os que vão perto, o custo sai caro. Muitos acabam por vender o vale-transporte.

Tânia Oliveira, 42 anos, é uma das pedestres assumidas da Capital. Moradora da Rua Bento Martins, no Centro, ela ajuda uma idosa na Avenida João Pessoa, Cidade Baixa. Aproveita o trajeto de cerca de um quilômetro para manter a forma numa caminhada.

- No lugar do vale-transporte, peço um pouco mais de dinheiro para a patroa.

Amiga de Tânia, a cabeleireira Maria da Graça Amaral, 51 anos, também optou por uma vida a pé. Ela trabalha em casa, no Centro, e se desloca caminhando até os poucos compromissos fora.

- Minha filha Caren trabalha na venda de celulares e vende o vale-transporte para poupar dinheiro - afirma Maria.

( humberto.trezzi@zerohora.com.br )

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Enquanto isso, carros proliferam

O fato de 22% dos moradores da Capital usarem as pernas ou bicicletas para se locomover espanta mais porque Porto Alegre é, sabidamente, uma das cidades brasileiras mais motorizadas.

Conforme a pesquisa Edom, elaborada a pedido da EPTC, 36% da população usa carro para se locomover. É um índice semelhante a Genebra (Suíça), cidade de Primeiro Mundo. A frota porto-alegrense é de cerca de 500 mil carros, o que dá uma média de um carro para cada 2,8 pessoas. Ou seja, existe um carro para cada casal.

O poder aquisitivo dos gaúchos ajuda a explicar o fenômeno, analisa Francisco Soares Horhe, dirigente da EPTC que atuou na pesquisa. Nas últimas vezes em que foram feitas pesquisas, Porto Alegre aparecia parelho com São Paulo e Brasília na média de pessoas por carro.

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