É a favela no poder

Os posts já são muitos, mas agora oficialmente inauguro a série de posts É A FAVELA NO PODER.

Serviço de bordo do presidente custará R$ 750 mil neste ano

A Presidência da República gastará R$ 750 mil com serviços de bordo neste ano. Segundo o "Diário Oficial" da União de 24 de dezembro, a empresa Comissaria Aérea de Brasília foi contratada, a esse preço e sem licitação, para o fornecimento de refeições a bordo das aeronaves da FAB a serviço do gabinete da Presidência.

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O valor representa 110% a mais que os R$ 363.900,57 empenhados pela Presidência em favor da CAB no último ano de governo de Fernando Henrique Cardoso.
Nos dois primeiros anos do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a média de recursos empenhados pela Presidência para serviço de bordo foi de R$ 681.678,11, 103% acima que no último biênio do governo FHC: R$ 335.560,01.

Texto inteiro aí embaixo:

Folha de São Paulo

folhabrasil

São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

TEMPO DE COMPRAS

Empresa fornecerá refeições em aviões da FAB sem licitação

Serviço de bordo do presidente custará R$ 750 mil neste ano

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Presidência da República gastará R$ 750 mil com serviços de bordo neste ano. Segundo o "Diário Oficial" da União de 24 de dezembro, a empresa Comissaria Aérea de Brasília foi contratada, a esse preço e sem licitação, para o fornecimento de refeições a bordo das aeronaves da FAB a serviço do gabinete da Presidência.
Para o serviço de carga, descarga e arrumação de refeições, a dispensa de licitação é justificada por ser a CAB "a única empresa estabelecida no Aeroporto de Brasília que embala e comercializa refeições de bordo das aeronaves".
A previsão original de despesas, segundo o contrato 01/2005, é de R$ 750 mil. Mas, a exemplo de 2004, pode ser reforçada ao longo do ano. Segundo dados do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais), a Presidência pagou R$ 610.975,75 à CAB no ano passado.
Pelo serviços da empresa, a Presidência empenhou (se comprometeu a pagar) R$ 765.634,20 referentes a 2004. O valor representa 110% a mais que os R$ 363.900,57 empenhados pela Presidência em favor da CAB no último ano de governo de Fernando Henrique Cardoso.
Nos dois primeiros anos do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a média de recursos empenhados pela Presidência para serviço de bordo foi de R$ 681.678,11, 103% acima que no último biênio do governo FHC: R$ 335.560,01.
Em 2001, a Presidência carimbou R$ 300.394,25 à CAB, dos quais R$ 280.660,81 foram efetivamente pagos naquele ano. Em 2002, último do governo FHC, o total de empenhos foi de R$ 363,9 mil, sendo R$ 329,6 mil pagos já no curso do ano.
Em 2003, primeiro do mandato de Lula, o volume de empenhos chegou a R$ 597,7 mil, dos quais R$ 479,3 mil liberados no mesmo ano. Em 2004, o total comprometido foi de R$ 765,6 mil, sendo R$ 610,9 mil pagos. Como o excedente é registrado em "restos a pagar", deve ser liberado neste ano.
Ainda segundo o levantamento feito pela liderança do PFL na Câmara, a diferença também é significativa levando-se em conta os gastos de toda a Esplanada com a CAB. Nos dois primeiros anos de Lula, os valores pagos somaram R$ 1,3 milhão, incluídas as despesas da Presidência. Nos últimos dois anos de FHC, R$ 643,9 mil.
Nesse período, Lula fez 32 viagens ao exterior, consumindo 119 dias de viagem, 16,3% desses anos. Nos dois últimos anos de mandato, FHC fez 25 viagens para fora do Brasil, por 96 dias.
Na quarta-feira, a Folha enviou à assessoria da Casa Civil o total anual de gastos lançado no Siafi. Na tarde de ontem, a Secretaria de Administração listou, em resposta, os serviços prestados pela CAB: "fornecimento de refeições servidas a bordo; a carga, a descarga e a arrumação do serviço de bordo nas aeronaves; a higienização dos materiais e equipamentos utilizados no serviço de bordo".
E recomendou que mais informações fossem obtidas no Gabinete de Segurança Institucional. Procurada, a assessoria do GSI alegou que a área administrativa cabe à Casa Civil. Ainda assim, informou que buscaria as informações solicitadas -como a milhagem percorrida pelos presidentes- para explicar a diferença. No início da noite, disse que não tinha concluído a pesquisa.
Autor do levantamento feito a pedido da Folha, o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), diz que os valores são mais altos porque o governo petista não respeita dinheiro público. "É deslumbramento."

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