Explicando o sentido de TUDO

“Tome como exemplo um engarrafamento, sobre uma ponte de uma auto-estrada, provocado por um colchão que caiu do teto de um veículo sobre a pista. Centenas de carros devem diminuir a velocidade e perdem tempo devido à confusão que se formou. Mas, quando eles chegam na altura onde está o colchão, retomam a velocidade sem se preocupar mais. Ninguém pensa em parar. O paradoxo, o efeito de composição: cada um dos motoristas perderá mais tempo na confusão do que se somente um deles for recolher o colchão. É um caso típico, e corrente, de desperdício coletivo. Como analisar esse efeito perverso e resolvê-lo? Para Schelling [Thomas Schelling, La Tyrannie des petites décisions, PUF, 1980], “o resultado é ruim porque não há mercado”. Se alguém tivesse “direitos de propriedade” sobre a ponte da auto-estrada, haveria de fato interesse em tirar o colchão da pista e cobrar, em contrapartida, alguns centavos de cada automóvel que ganharia, assim, um tempo precioso; isso seria, portanto, do interesse dos motoristas.” [Rosanvallon, Pierre. La crise de L’État-providence. Seuil, 1992; p. 42. Tradução capenga minha.]

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