A gente é uma porcaria. A gente é fanático por esporte. A gente é corrupto. Um fato não exclui o outro. Pelo contrário: há uma relação direta entre fanatismo esportivo e corrupção.
"Michel Houellebecq, em Partículas Elementares, definiu o Brasil como uma porcaria de país, "povoado de brutos fanáticos por futebol e por corridas de automóvel. A violência, a corrupção e a miséria estavam no apogeu. Se havia um país detestável, era justamente, e especificamente, o Brasil". Ou seja, foi publicado antes das comemorações do "Ano do Brasil na França". Imagino que agora, tendo tido a oportunidade de conhecer melhor nossos músicos, cineastas, escritores, artistas plásticos e políticos, todos os franceses compartilhem a opinião de Houellebecq a respeito do país. Se eu fosse o ministro das Relações Exteriores, ou o ministro da Cultura, ou o diretor da Cacex, evitaria exibir o Brasil lá fora. Nossa única chance é que o resto do mundo continue a nos ignorar. Quanto menos contato os estrangeiros tiverem conosco, melhor. Uma iniciativa como o "Ano do Brasil na França" produz danos irreparáveis à nossa imagem. Os franceses levarão meio século para esquecer o que viram."
Veja
Edição 1912 . 6 de julho de 2005
Diogo Mainardi
"Houellebecq definiu o Brasil como uma porcaria de país. Foi antes das comemorações do 'Ano do Brasil na França'. Imagino que agora, depois de nos conhecer melhor, todos os franceses compartilhem essa opinião"
Michel Houellebecq, em Partículas Elementares, definiu o Brasil como uma porcaria de país, "povoado de brutos fanáticos por futebol e por corridas de automóvel. A violência, a corrupção e a miséria estavam no apogeu. Se havia um país detestável, era justamente, e especificamente, o Brasil". Partículas Elementares é de 1998. Ou seja, foi publicado antes das comemorações do "Ano do Brasil na França". Imagino que agora, tendo tido a oportunidade de conhecer melhor nossos músicos, cineastas, escritores, artistas plásticos e políticos, todos os franceses compartilhem a opinião de Houellebecq a respeito do país. Se eu fosse o ministro das Relações Exteriores, ou o ministro da Cultura, ou o diretor da Cacex, evitaria exibir o Brasil lá fora. Nossa única chance é que o resto do mundo continue a nos ignorar. Quanto menos contato os estrangeiros tiverem conosco, melhor. Uma iniciativa como o "Ano do Brasil na França" produz danos irreparáveis à nossa imagem. Os franceses levarão meio século para esquecer o que viram.
A comunidade muçulmana na França processou Houellebecq porque ele declarou numa entrevista que o islamismo era "uma religião estúpida". Os brasileiros não podem fazer o mesmo. Houellebecq tem razão sobre o Brasil. A gente é uma porcaria. A gente é fanático por esporte. A gente é corrupto. Um fato não exclui o outro. Pelo contrário: há uma relação direta entre fanatismo esportivo e corrupção. A investigação sobre a roubalheira petista já revelou que a propaganda estatal era usada para a lavagem de dinheiro. Agora falta descobrir se o patrocínio de eventos esportivos tinha a mesma finalidade. Eu persigo o diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Sou seu professor Moriarty. Cheguei a recomendar sua convocação à CPI. Tenho certeza de que ele pode explicar direitinho como funciona o esquema de distribuição de verbas promocionais das empresas públicas. Pizzolato está por dentro de tudo. Além de arrecadar fundos para as campanhas eleitorais de Lula, ele comanda o investimento em publicidade do Banco do Brasil e decide o patrocínio da estatal a eventos esportivos. É o nosso homem.
Um dos eventos esportivos patrocinados por Pizzolato foi um torneio hípico realizado pelo publicitário Marcos Valério. O maior quinhão do Banco do Brasil, porém, é destinado ao vôlei e ao tênis. O Banco do Brasil, quase sempre em sociedade com a Koch Tavares, financia praticamente sozinho todo o tênis nacional. Patrocina Gustavo Kuerten, o Brasil Open, o Ourocard Challenger, o circuito juvenil, o Masters e o Aberto de São Paulo, através de sua subsidiária Cobra Tecnologia. Nos dois primeiros anos do governo Lula, a Cobra foi comandada por Graciano Santos Neto. Ele é uma das figuras mais comentadas do petismo. Era diretor da Gtech na época em que Waldomiro Diniz negociava em favor da empresa. Na Cobra, foi acusado de beneficiar empresas privadas com o repasse de contratos sem licitação. Graciano é tenista amador. Em 2004, jogou uma partida preliminar da final do Aberto de São Paulo, torneio patrocinado pela própria Cobra. Ao término da partida, concedeu-se inclusive um troféu. Como diria Houellebecq, é detestável que Graciano tenha se aproveitado do dinheiro público para se exibir num torneio de tênis. E é ainda mais detestável, "especificamente detestável", que ninguém tenha pensado em expulsá-lo da quadra a raquetadas.
março 2007
fevereiro 2007
janeiro 2007
dezembro 2006
novembro 2006
outubro 2006
setembro 2006
agosto 2006
julho 2006
junho 2006
maio 2006
abril 2006
março 2006
fevereiro 2006
janeiro 2006
dezembro 2005
novembro 2005
outubro 2005
setembro 2005
agosto 2005
julho 2005
junho 2005
maio 2005
abril 2005
março 2005
fevereiro 2005
janeiro 2005
dezembro 2004
novembro 2004
outubro 2004
setembro 2004
Cara de pau (112)
Copa do Mundo (13)
Crise Política (61)
Demência moral (289)
Demência seletiva (58)
Desgovernada Yeda (9)
Dose diária de demência (96)
Eleições 2004 (31)
Eleições 2006 (387)
Gente inútil (188)
Havaianas da Adidas (19)
LatinoDisney (14)
Mondo estudo (19)
Mondo Fristão (51)
Petistas (60)
Porto-alegrenses (44)
Povo Bovino (58)
Só no Biriri (61)
The Mensalão Chronicles (6)
Agência Estado
Folha Online
O Globo
Zero Hora
BBC Brasil
No Mínimo
Veja
Istoé
Época
Carta Capital
Blog do Noblat
Josias de Souza
Merval Pereira
Jorge Moreno
Fernando Rodrigues