Imposturas intelectuais
A democracia brasileira é a mais representativa do mundo.
Cerca de 5% (estou sendo otimista) da população brasileira consegue ler – e entender -, por exemplo, 10 páginas de algum livro do Machado de Assis. Dessas pessoas, cerca de 20% ou lê pelo menos um jornal diariamente, ou acompanha o que está acontecendo no país, ou seja, supostamente têm condições de dar alguma opinião sobre política.
Essas pessoas acham um absurdo haver tantos políticos envolvidos em falcatruas. Essas pessoas acham um absurdo Severino Cavalcanti ser presidente da Câmara dos Deputados (terceiro cargo da República, portanto). Essas pessoas acham que o sistema político brasileiro não é representativo. Essas pessoas acham que os brasileiros não têm maturidade para escolher seus representantes. Essas pessoas ficam indignadas quando confirmam que ninguém lembra dos candidatos em que votou nas últimas eleições.
Essas pessoas estão erradas.
Apesar de recente, a democracia brasileira é o sistema político mais representativo do mundo. As pessoas públicas no Brasil – tanto políticos como os demais – são o retrato fiel de nossa sociedade. Fernando Henrique Cardoso, um intelectual, como presidente, foi uma anomalia.
Mas rapidamente o país consertou isso, colocando um analfabeto funcional na presidência. Lula é analfabeto funcional, não consegue acertar uma concordância quando fala, como 95% da população. José Alencar é analfabeto funcional, como 95% da população. Severino Cavalcanti é analfabeto funcional e burro, como 95% da população. Sílvio Pereira não pensou duas vezes antes de aceitar um carro de 70 mil reais de presente de uma empresa que fechou contrato com o governo, como 95% da população fariam. José Dirceu, na ditadura, se escondeu no Paraná, assumiu uma nova identidade, casou com uma mulher, teve um filho com ela, e mentiu para esta mulher todo o tempo que estava com ela. 95% dos brasileiros mentem para seus cônjuges. Lula confessou no Fantástico que cometeu crime eleitoral, mas acha que, mesmo assim, não deve perder o mandato. Grande parte da população brasileira também acha. Punição é só para os outros. Se todo mundo comete um crime, imediatamente esse crime deve deixar de ser crime.
A maioria dos intelectuais não sabe, mas está sendo platônica. Acha que os reis-filósofos devem comandar a política (para quem leu mal Platão, “filósofo” significa amigo da sabedoria, ou seja, pessoa educada, culta e preparada, e não as pessoas que se dedicam à área da Filosofia). Se pudessem, os intelectuais dariam um golpe e instaurariam uma aristocracia.
Os intelectuais estão errados.
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