A piñata de Jefferson

Estava claro que Roberto Jefferson (PTB/RJ) ia arremessar outro tijolo contra o governo. O alvo, entretanto, não era José Dirceu (PT/SP), e sim Lula. Ao citar um episódio envolvendo negociações do Planalto com a Portugal Telecom e o ex-ministro de Obras de Portugal, Antônio Meixias, Jefferson internacionalizou o esquema de corrupção do governo. É uma acusação pesada, que deve ser apurada com rigor.

Além de ex-ministro, Meixias foi administrador do Banco Espítito Santo, que por sua vez é o principal investidor da Portugal Telecom. Lula teria enviado dois emissários à Europa: Marcos Valério e o tesoureiro do PTB, Emérson Palmieri. O negócio não saiu porque todos os envolvidos perceberam que era muito arriscado. É a versão de Jefferson. A principal decepção de ontem foi a expectativa de o petebista apresentasse alguma prova concreta , e não que jogasse para alto palavras-chave para que a imprensa e os políticos pegassem. Dá margem para se confeccionar qualquer tipo de informação falsa – ou verdadeira, que seja. Uma piñata geralmente fica pendurada em uma árvore. Mas todos podem enxergá-la. Se quiser mesmo se salvar ou derrubar o governo, é mister que Jefferson mostre o que tem, ao invés de narrar esses detalhes em off para a Folha. Uma pesquisa rápida na internet mostra ao um equívoco na versão de Jefferson, ao afirmar que Antônio Meixias é ministro de Obras. Não é.

A crise atravessou o Atlântico.

Creative Commons License