O ápice da democracia

Na Folha tem uma matéria explicando como é o proceso de escolha dos diretórios nacionais, regionais e municipais. Dá muita margem para fraude. O municípios contam os votos na cidade mesmo, e mandam o resultado por fax pra diretório estadual, que, por sua vez, envia para o nacional, em SP.

Enquanto isso, algumas redações vazam que "o primeiro balanço parcial das eleições internas do PT deve ser divulgado às 12h desta segunda-feira. O resultado final, entretanto, deve sair somente no final da semana, segundo as expectativas mais otimistas". Até o TSE é mais ágil que o PT.

Os números

Sete candidatos disputam a presidência do partido, junto com 10 chapas que concorrem por vagas no diretório nacional. Há um eleitorado potencial de 825.449 filiados para votar, mas o número real de votantes deve ser menor. Em 2001, de um universo de 867 mil filiados, votaram 227.461 petistas. O universo de filiados diferente de um ano para outro deve-se ao recadastramento promovido pelo partido.

Em nível estadual, são 137 chapas, com 119 candidatos a presidentes estaduais. Em nível municipal, são 6 mil chapas e 5 mil candidatos a presidente desses diretórios.

Os petistas, por meio de uma única cédula, devem escolher o presidente nacional, os demais integrantes da cúpula nacional, o presidente estadual, a chapa estadual, o presidente municipal e a chapa municipal. O voto é secreto e em urna. As eleições devem ser fiscalizadas por fiscais indicados pelas chapas.

Estão em disputa 81.138 vagas nas instâncias municipais, 1.586 nas estaduais e 92 na instância nacional.

A cúpula nacional será composta proporcionalmente pelo número de votos que cada chapa em disputa receber. Assim, se a chapa do 'Campo Majoritário' receber 60% dos votos válidos, significa que 60% dos assentos da cúpula nacional serão de membros dessa chapa. As chapas terão até o dia 30 de setembro para enviar à direção nacional quais de seu membros devem compor as cúpulas.

Essa eleição também pode ser uma oportunidade para o PT melhorar sua situação financeira. Estar em dia com a taxa paga ao partido é uma condição para votar e a regularização pode ser feita até o dia da votação.

Cronograma

O PT espera contar, na melhor das hipóteses, com a totalização dos votos até o dia 23, devido à sistemática da apuração: cada diretório municipal conta os votos locais e envia a soma, que é centralizada nos diretórios estaduais.

Esses diretórios, por sua vez, remetem os resultados por fax, telefone e sedex (ou carta com envio confirmado) para o diretório nacional, na capital paulista, que faz a contabilização final. Os resultados também devem ser registrados em um sistema informatizado do comitê eleitoral, chamado 'Sisped'.

O comitê eleitoral afirma que o problema está nas votações em municípios remotos, notadamente nos Estados do Acre e do Amazonas, onde os meios de comunicação, muitas vezes, são precários.

A idéia é não divulgar os números totais enquanto não contar com os números de absolutamente todos os municípios. No dia seguinte à votação, entretanto, o PT promete revelar uma parcial dos resultados, por meio de uma entrevista à imprensa.

Se nenhum dos candidatos atingir a quota de mais de 50% dos votos válidos, o estatuto do PT prevê um segundo turno, marcado para o dia 9 de outubro. O segundo turno também está previsto no caso de empate entre o segundo e o terceiro colocados, o que permite a situação de três disputarem a presidência do PT em outubro.

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