O PPS é lamentável
A prefeitura de Porto Alegre tentou aplicar um pára-te-quieto no colunista Adão Oliveira, do Jornal do Comércio. O texto, sobre as brigas internas do PPS gaúcho, não traz nenhuma surpresa para quem observa à parte o histórico da legenda. Em notaa publicada no Coletiva, Adão diz "Um bedel do arbítrio entrou em contato com a direção tentando me constranger, me calar". "Pediram retratação e tentaram me impedir de voltar a tocar neste assunto", o que, segundo Adão, é constrangedor porque a coluna apenas registra "um fato simples, que é visto a olho nu por quem vive a política, já que há esta clara divisão no PPS gaúcho".
Esse cerceamento imposto pelo PPS à imprensa gaúcha não é novo. Na eleição municipal de 2004, a assessoria de imprensa do então candidato José Fogaça era conhecida por acossar jornalistas para a imposição de suas matérias, fotos e espaço de outros candidatos nos jornais – o alvo preferencial era Raul Pont (PT). O que começou como folclórico chegou às raias do constrangimento no final da campanha.
Para começo de conversa, Fogaça e seus comparsas têm de levantar as mãos e agradecer pela mixórdia da crise federal que dura quatro meses. A falta de espaço na mídia caiu do céu para quem assumiu o Paço há nove meses com a promessa de que "mudaria as coisas ruins e manteria as boas". Ainda espero a inauguração da Escola do Gasômetro. Abaixo, vai a coluna transgressora de Adão Oliveira.
O RACHA NO PPS
Adão Oliveira
O PPS regional, que cresceu numa dissidência, permanece na dissidência. Isso é visto a olho nu.
Tudo começou quando, desalinhados com a cúpula nacional do PMDB, um grupo de notáveis, sai do partido e se filia ao então nanico PPS gaúcho, presidido pelo desconhecido Arnóbio Mullet Pereira. O grupo, liderado por Antônio Britto era composto por Nelson Proença, Berfran Rosado, Cézar Busatto, Paulo Odone, Iara Wortmann, Mario Bernd, Clenia Maranhão e José Fogaça - o último a aderir a dissidência - e outros menos conhecidos. Essa “tomada” não foi bem absorvida pelo pessoal que tocava o partido. O próprio Arnóbio Mullet Pereira, reclamou publicamente da forma como os novos “camaradas” se incorporaram a sigla. Apesar da reclamação, um novo diretório foi eleito com a preocupação de não ferir a suscetibilidade de seus antigos integrantes. Assim foi feito. Em pouco tempo, os habilidosos profissionais da política se adonaram do PPS não deixando espaço para os antigos responsáveis pela sigla.
Apesar de tudo isso, o PPS gaúcho se mostrava forte, moderno, unido. Entusiasmados, os novos socialistas encararam a disputa pelo Piratini. Perderam para Rigotto, do grupo de seus antigos companheiros. Aliás, Rigotto foi cortejado até a última hora para entrar no PPS.
Não aceitou o convite. Ficou no PMDB e se elegeu governador.
Mas, “como não tá morto quem peleia” Britto e companhia resolveram participar da disputa pela prefeitura. Aí, o partido se deu bem. Fogaça foi o escolhido para concorrer à prefeito da cidade. Embalado por novos ventos, Fogaça apresenta propostas convincentes e se elege, depois da hegemonia petista de 16 anos à frente do executivo municipal.
Mas, com o Poder, vieram as dissidências.
Sob a alegação de que o PPS não poderia ficar sem representante na Assembléia – o partido tinha dois Berfran e Busatto - Berfran Rosado dormiu secretário municipal e acordou alijado da função. Foi, sem nunca ter sido.
Na queda de braço com o outro deputado - Cézar Busatto - Berfran perdeu. Abandonou os entendimentos, que naquele momento se desenvolviam para a formação do secretariado, e se recolheu.
Não conversou, não negociou, não conspirou. E assim permanece até hoje.
Fora, completamente fora de qualquer articulação com a prefeitura municipal, onde reinam Busatto e Clóvis Magalhães, chamado de Maninho pelo prefeito.
Outros “camaradas” de primeira hora que ficaram de fora do governo foram: a ex-secretária municipal de Educação, Iara Wortmann e o médico e ex-deputado Mário Bernd.
No PPS ninguém consegue explicar as razões que levam Iara Wortmann, que foi responsável pela agenda do candidato Fogaça, não ter sido incluída na sua equipe de governo. Também, não se consegue razão para o afastamento de Mário Bernd.
Para um partido com pequenos quadros, isso é relevante.
Então, o que está havendo?
Um racha. Um racha que começa a criar dificuldades para o futuro do partido.
De um lado está o prefeito Fogaça, o secretário César Busatto, seu assessor Toni Proença e o secretário Maninho. De outro, o presidente do partido, deputado Nelson Proença, o deputado estadual, Berfran Rosado, Mário Bernd e Iara Wortmann.
Os caras nem se falam!
Um fato que aguçou essa dissidência foi a recente licitação para escolha das agências de publicidade que trabalharão para a prefeitura.
Do jeito que vai a coisa, nem um candidato à presidência da República será capaz de unir os dissidentes do PPS gaúcho.
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