O Sombra ataca

Último de uma seqüência de três e-mails recebidos de José Dirceu em caixa postal não autorizada:

----- Original Message -----
From: Dep. José Dirceu
To: cesar.maia@uol.com.br ; cesaremaia@globo.com ; cesar.maia@terra.com.br
Sent: Monday, September 26, 2005 6:35 PM
Subject: [Norton AntiSpam] Entrevista para a Folha

Prezado Cesar Maia,
se você ler com isenção a entrevista que concedi à Folha, verá que não atribuo ao presidente Lula a responsabilidade pela crise. Eu apenas incluí o presidente entre os dirigentes do PT que construíram a estratégia que resultou na chegada do partido ao governo. O balanço dessa trajetória tem que ser completo. Não pode ser apenas sobre os fatos mais recentes e no calor dos acontecimentos. Esse é o contexto correto do que falei à Folha, e tenho certeza de que a maioria dos leitores compreendeu.
Quanto à outra referência que você faz na nota que li hoje no Painel da Folha, é possível que a edição não tenha deixado clara minha posição. Como poderá ver nos trechos integrais da entrevista que reproduzo abaixo, meu raciocínio se dava em torno de uma tese geral da solidariedade financeira de partidos aliados nas campanhas eleitorais. Sendo questionado especificamente sobre um determinado acordo, minha negativa é categórica. Infelizmente, esse trecho foi cortado na entrevista publicada.
Cordialmente,
José Dirceu.

Abaixo, suposta entrevista do deputado ao jornal Folha de S. Paulo:

Dirceu - O sistema político-partidário brasileiro tem que ser mudado, porque com esse sistema político-partidário que nós temos, com esse sistema eleitoral que nós temos, com essas regras de campanha eleitoral... Se quer reduzir os custos de campanha e se quer mudar o sistema político-partidário tem que fazer uma reforma política. Nós governamos a partir daí. Fizemos opção por se fazer alianças. Agora, não é verdade que nós compramos os partidos, que nós comprávamos votos. Não é verdade e não está provado. Nós assumimos compromissos na campanha eleitoral com os partidos e repassamos recursos. Se fossem recursos do PT, de arrecadação do PT, não teria problema nenhum. Como foram recursos de empréstimos tomados nos bancos, e foram repassados fora da prestação de contas, há uma ilegalidade aí que vai ser punida.

Folha - Não dá no mesmo. O mensalão não foi provado, mas fazer uma aliança em cima de recursos, de dar dinheiro para um partido, não é a mesma imoralidade?

Dirceu - Não, porque na campanha eleitoral você tem gastos comuns. O PL perdeu com a verticalização a possibilidade de fazer campanha eleitoral e eleger deputados na maioria dos estados. Ele pôs o vice na campanha e se assumiu o compromisso comum de que de toda a arrecadação da campanha seria destinada uma parcela ao PL, esse foi o acordo feito. E na campanha de 2004 foram firmados acordos eleitorais em várias cidades, com o PTB e com o PP para fazer campanha comum. Agora, essa é uma questão que foi um erro. Vai ser punido.

Folha - Quando se faz com o PTB um compromisso de R$ 20 milhões e dá R$ 4 milhões para o PTB, é em bases financeiras que está sendo feito, não é em base de idéias.

Dirceu - Mas daí não se pode dizer que o PT é um partido corrupto e não se pode apagar a história do PT. Veja o meu caso: é como se eu não tivesse história. Eu fui desumanizado, estou fora da história. Porque eu não existo mais, meu passado, nada. Eu sou uma pessoa que tenho 40 anos de vida política, nunca fui acusado de nada, nunca tive uma irregularidade.

Folha - O senhor não acha que é o contrário, ministro? Que justamente pela sua história e pela história do PT, que a cobrança em cima do partido é realmente forte e maior, é que as pessoas esperam outro tipo de conduta?

Dirceu - O problema não é a cobrança. O problema é, sem provas, dizer que eu sou o chefe do maior esquema de corrupção no país, que eu sou o chefe do mensalão. Sem provas, porque não há prova nenhuma. Não vai se provar, porque não é a verdade. É como se eu... Eu fui deputado 15 anos e nunca tive um poroblema.

Folha - É que o senhor falou o seguinte: é como se esquecesse a história do PT. Mas, na verdade, eu acho que é o seguinte. Não podemos fazer uma outra leitura? Como o PT tinha essa história e todo mundo imaginava que teria outra conduta, quando se descobre que o PT fez acordos com o PTB, com o PL em torno de recursos, R$ 20 milhões para um, R$ 20 milhões para outro, de onde é que vem esse dinheiro?

Dirceu - O dinheiro veio dos empréstimos feitos no Banco Rural. É que não se quer aceitar essa tese. Hoje mesmo o relator está dizendo, sem prova nenhuma, o Osmar Serraglio - como ele disse no relatório dele, um relatório todo sem provas, pelo menos na minha parte, na parte que ele fala do governo e do PT, na introdução, sobre caixa dois, sobre mensalão, sobre nomeação nas empresas estatais é o que o Roberto Jefferson diz. Ele tomou o que o Roberto Jefferson diz como prova testemunhal. Ele não tem nenhuma prova documental, não tem confissão, porque ao contrário do Roberto Jefferson, que é réu confesso, e de muitos deputados ,que dizem que pegaram dinheiro, eu nunca..., eu sou inocente. Ele montou. Hoje, ele está dizendo que não, que o dinheiro vem do Daniel Dantas, dos fundos de pensão. É isso que virou o Brasil. Ele não tem prova nenhuma, mas ele diz lá: o dinheiro não é dos empréstimos que o Delúbio Soares fez, através das empresas do Marcos Valério, com o Banco Rural e o BMG, o dinheiro é do Daniel Dantes e dos fundos de pensão.

(...)

Folha - Mas o senhor sabia que existia acordo, por exemplo, para ajudar o PT nas campanhas?

Dirceu - Não.

Folha - O senhor sabia que tinha uma dívida de R$ 11 milhões com o Duda que não havia sido paga?

Dirceu - Dívida de R$ 11 milhões com o Duda, não.

Folha - E esses acordos de R$ 20 milhões com o PTB?

Dirceu - Acordo de R$ 20 milhões com o PTB, não. Eu não participei.

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