Repleto de ódio e futilidades

10h03. Chove na rua Dona Laura, em Porto Alegre:

– Agenor, por acaso alguém da vizinhança reclamou do barulho que fizemos desde as 08h, com nossos cavalos, os alto-falantes e os hinos rio-grandense e brasileiro?

– Apareceu um baixinho meio brabo por aí. Calçava uns Adidas, se achando.

– E o que ele disse?

– Quis saber quem da EPTC havia autorizado a fechar a meia rua e acordar todo mundo com cavalos, alto-falantes e o hinorio-grandense.

– E o que tu fez?

– Perguntei se ele era petista.

– A troco?

– Esses guris de apartamento vêm querer cagar regra na gente, elegem uns maconheiros nessa cidade e vêm discutir depois. Aí disse que ele deveria reclamar com a EPTC e com o presidente do clube. O senhor, no caso.

– Então é por isso que a EPTC ligou e vem apreender nossos cavaletes falsos e os alto-falantes? Agora não temos nem lugar para estacionar os cavalos quando eles voltarem da cavalgada.

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