Parem com estupidez, por favor
A Veja desta semana traz uma matéria (abaixo) sobre o projeto de ampliação de 8 para 9 anos de ensino fundamental. A revista afirma que o projeto é "bom, mas não resolve as deficiências educacionais".
Estão errados.
O projeto, em si, é absolutamente vergonhoso e mostra PRECISAMENTE a DEMÊNCIA MORAL que caracteriza nossa cultura.
"Algo tem problema? Ah, então vamos colocar uns remendos pra ver se melhora, porque consertar tudo dá muito trabalho, não sabemos direito como fazer."
"O pobre povo brasileiro continua alienado? Ah, então vamos colocar filosofia e sociologia no currículo. Ok, as crianças não sabem nem ler, mas é que estudar filosofia é uma coisa tão bonita, vai abrir a cabeça dos estudantes."
A Veja, que, tirando a parte de TOCAR O HORROR COMPLETO, tem conseguido ser bastante crítica - ao contrário de outras revistas -, não vai além de um "tomando-se esse cenário, o fato de um projeto de lei garantir mais anos de estudo às crianças, por si só, está distante de significar que elas aprenderão mais."
Comparações com outros países nunca dão certo. A revista diz que "a média [de anos na escola] na Europa e nos Estados Unidos é de doze anos obrigatórios de estudo." Ora, sabe-se que o modelo de ensino americano - excetuando as melhores universidades - não é exemplo para ninguém. E, na Europa, discute-se, por exemplo, na França, se o conteúdo de filosofia no ensino médio está tendendo muito para a filosofia analítica ou para a continental. É outro nível. No Brasil, ninguém consegue ler jornal.
Resolver gastar mais dinheiro, cegamente, em cima de uma estrutura falida como a do ensino público é exatamente o que se espera de um país governado por um analfabeto funcional cercado de gente incompetente sem a MÍNIMA noção do que fazer para resolver os problemas.
Um ano a mais de ensino só vai deixar todo mundo um ano mais analfabeto.
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Veja
Edição 1935 . 14 de dezembro de 2005
Educação
Projeto que amplia para nove anos o ensino fundamental é bom, mas não resolve as deficiências educacionais
Monica Weinberg
A Câmara dos Deputados acaba de aprovar um projeto de lei que pode ajudar a tirar o Brasil de uma situação de atraso na comparação com outros países: ele prevê que o Estado garanta um ano a mais de estudo às crianças. Atualmente, a lei assegura aos estudantes brasileiros os oito anos de ensino fundamental – dos 7 aos 14 anos. Com a nova legislação, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado para entrar em vigor, as crianças terão garantido um lugar na escola a partir dos 6. Isso ainda não leva o Brasil ao patamar da maioria dos países. Segundo levantamento da Unesco, a média na Europa e nos Estados Unidos é de doze anos obrigatórios de estudo. Na América do Sul, todos os países, exceto o Suriname e a Bolívia, têm leis que garantem mais anos na escola que o Brasil (veja quadro ao lado).
Os especialistas quantificam pelo menos dois efeitos positivos no aumento do tempo obrigatório de estudo. Um deles é o impacto que traz à vida adulta: pesquisas mostram que cada ano a mais na escola resultará em um aumento de renda de 10% no futuro. Outro efeito positivo foi descrito em um trabalho com base em dados do MEC. Estudantes que cursam a pré-escola colhem resultados no decorrer da vida acadêmica até 15% superiores àqueles obtidos por alunos que ingressam no ensino fundamental com 7 anos. Como no Brasil 700.000 crianças nunca pisaram numa escola antes dessa idade, o projeto de lei em questão tem seu mérito. "Ele pode ampliar as chances que essas crianças terão ao longo da vida", diz Claudia Costin, ex-secretária de Cultura do Estado de São Paulo e atual vice-presidente da Fundação Victor Civita.
Esse projeto está longe, no entanto, de resolver as precariedades do sistema de ensino que colocam o Brasil nas piores posições em rankings internacionais de educação. Uma questão emergencial, de acordo com os especialistas, é ampliar a jornada escolar, outro quesito em que o país ocupa a lanterna. Pesquisa da OCDE mostra que um estudante brasileiro de ensino fundamental permanece, em média, quatro horas por dia na escola. Na Coréia do Sul e nos Estados Unidos, esse número é de sete horas diárias. Levantamento feito na cidade de São Paulo aponta para um dado ainda mais alarmante: da jornada escolar, o tempo efetivamente consumido pelos estudos está em torno de duas horas e meia. "Aumentar o tempo das crianças na sala de aula é uma questão prioritária para melhorar o desempenho do Brasil na educação", diz a educadora Maria Helena Guimarães de Castro. Outro ponto central é a qualidade do ensino ofertado na rede pública. Ela confere ao Brasil as últimas colocações nas listas internacionais e tem como resultado uma lógica perversa: quase todo mundo ingressa no ensino fundamental, mas 32% não conseguem passar para o segundo ano. Essa média de repetência é de 3% na OCDE (organização formada por países da Europa mais os Estados Unidos, Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coréia do Sul). Na vizinha Argentina, fica em 10%. Conclusão: as crianças passam pelo ensino fundamental a duras penas e concluem o ciclo sem dominar os fundamentos básicos da alfabetização.
Tomando-se esse cenário, o fato de um projeto de lei garantir mais anos de estudo às crianças, por si só, está distante de significar que elas aprenderão mais. "Sem melhorar as condições básicas para o aprendizado, essa iniciativa tende a não surtir nenhum efeito", diz a educadora Iara Prado. Outro problema é que o projeto não contém uma linha sobre o que ocorrerá do ponto de vista pedagógico com as crianças de 6 anos depois que forem oficialmente absorvidas pelas escolas. Na prática de um país com 5.560 municípios como o Brasil, abre-se um precedente para que cada um escolha o que considera prioritário incluir no currículo da nova série incorporada ao sistema. Isso é temerário. Se o projeto de lei for de fato aprovado, os estados e municípios terão até 2010 para adotar as novas regras. Esse tempo poderia ser gasto com a adoção de medidas que efetivamente melhorem a qualidade do ensino.
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