Cachorrada

Recém comecei a ler Cachorros de Palha, do John Gray, e a alegria já está ali na Introdução. O professor de Pensamento Europeu na London School of Economics pratica com maestria o exercício de colocar abaixo algumas certezas, ou melhor, demagogias. Nada mais secular e ingênuo do que o humanismo, afirma ele. Sem entrar no mérito do livro – que no Brasil já foi cooptado pelo fenômeno da filosofia de butique –, o pensamento de Gray é um alento para todos aqueles que crêem na descrença, de uma maneira geral, e não se consideram estúpidos por isso. Há uma cruzada contra o ceticismo em marcha pelas ruas – e confesso que eles já estavam quase me convencendo. De vez em quando tem de vir alguém para nos lembrar que os idiotas são eles e que a crítica pela crítica, no fim, é só o que importa.

Uma entrevista recente feita com Gray pela Época dá uma idéia da coisa:

ÉPOCA - Seus críticos afirmam que o senhor se expressa por meio de afirmações apocalípticas e que suas teses pecam por um catastrofismo que não leva a conclusão alguma.
Gray - Não sou um missionário, um neocristão, um neoliberal, um neocomunista. Não tenho crenças a defender nem trago uma doutrina, um manual de salvação para determinado grupo. Eu só estou interessado em estimular as pessoas a pensar, levando a elas subsídios que lhes sirvam de alertas. Há questões desagradáveis a ser encaradas e meu intuito é ajudá-las nesse processo.

ÉPOCA - Alguma palavra de alento sobre o destino da humanidade?
Gray - Essa não é minha área (risos). Recomendo que as pessoas busquem a religião para isso.

Leia a íntegra da entrevista aqui.

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