Chama o gerente

O governador Germano Rigotto (PMDB/RS) se licencia do cargo em 19 de março – caso vença as prévias presidenciais do PMDB. Como tirou folga para o mês de fevereiro, é pouco provável que retorne ao Estado como governador. Em seu lugar, assumiu o vice, Antônio Hohlfeldt (PMDB/RS), cotado como candidato ao governo do Estado ao lado de figuras inexpressivas como Eliseu Padilha e César Schirmer. Hohlfeldt, diga-se, é favorito na disputa. Apesar de ter saído há poucos meses do PSDB gaúcho, o professor só não tenta o Piratini se Rigotto sofrer uma queda fragorosa e renunciar no meio de sua empreitada presidencial. Resta saber como o eleitorado gaúcho abraçaria o retorno de um político fracassado.

Vamos seguir os Peemedebistas Otimistas, por enquanto.

Hohlfeldt assume o governo mas será o candidato do partido. Fica no governo até o final de junho e, por lei eleitoral, sai para tentar voltar pelo voto em janeiro. Quem assume o posto é o novo presidente da Assembléia Legislativa, Luiz Fernando Záchia, também do PMDB – cujo mandato vai até janeiro de 2007. Empossado no plenário da Casa na última quinta, Záchia assumiu com o compromisso de fazer um ''pacto político não para as próximas eleições, mas para as próximas gerações". Quem estava lá, disse que foi uma cerimônia concorrida, com aplausos de pé longínquos – mais do que o prudente, alguns retrucariam.

Com a exposição – e verba – que um presidente da assembléia costuma receber, é difícil que Záchia também não se licencie para concorrer a reeleição estadual ou, quiçá, à Câmara Federal. O ex-dirigente do Internacional poderia permancer no cargo, fosse por pressão do partido ou ambição própria. Um tempinho como governador daria cacife para Záchia concorrer à prefeitura de Porto Alegre, onde – como todos viram em outdoors antes da definição do candidato peemedebista – o sonho do colorado é construir uma linha de metrô.

Mas se concorrer ainda em 2006, Záchia abrirá um buraco constitucional no Rio Grande do Sul. Pelas normas da Constituição Estadual, o próximo a segurar a batata quente seria o presidente do Tribunal de Justiça do RS, Marco Antônio Barbosa Leal. Empossado ontem (1º/02) com as devidas presenças de Záchia e Rigotto ao seu lado na mesa. O novo presidente deu uma dica sobre suas preferências políticas ao declarar que "vivencia-se nefasto movimento de retomada da centralização absolutista das decisões estratégicas do governo federal". Faltou o Rigotto e o Záchia cochicharem um "Fala da Lei Kandir" no ouvido do jurista.

Seja como for, tudo em casa. Tudo como o PMDB gosta.

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