A Hora do Medo

Está na Ordem do Dia na Câmara dos Deputados o projeto que visa a diminuir os custos das campanhas eleitorais, o tempo das propagandas políticas ostensivas e altera o formato do horário eleitoral gratuito de 45 minutos para 35 minutos. A Loja do PT deverá sofrer o maior baque. O texto também manda para o limbo a distribuição de camisetas, bonés, canetas, chaveiros e outros brindes – notórios buracos negros dos Recursos Não Contabilizados.

Não que partidos como o PP e o PFL estejam interessados em aprovar o Projeto. Órgãos públicos federais, estaduais e municipais também serão proibidos de distribuir gratuitamente qualquer tipo de bens, como cestas básicas, remédios, brinquedos, roupas e cobertores, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de execução de programas sociais autorizados em lei. Pena que não qualificaram os requisitos para se identificar que tipo de catástrofe forçaria a espinha da proposta.

Nos detalhes, a PL não apresenta muitas inovações acerca das maracutaias tradicionais. A novidade fica por conta da inclusão da propaganda política nos canais de TV por assinatura e nas rádios comunitárias. São dois nichos eleitorais pouco utilizados no período das eleições. Por exemplo, as rádios comunitárias de Porto Alegre costumavam servir de aparato ideológico do PT enquanto estava na prefeitura da capital. Os petistas abusavam de uma delas no bairro Restinga – periferia da cidade – para coagir as pessoas a votar em favor dos projetos do Orçamento Participativo que fossem interessantes a eles.

Os líderes comunitários acossavam quem tivesse outras sugestões que não fossem ideológicas para o uso do aparelho. Como os emparedados não tinham voz suficiente, começaram a procurar várias vezes jornalistas e estudantes para denunciar o caso. Mas o PT era perfeito naquela época (idos de 1999), não cabia acusá-los de nada disso. Isso aconteceu quando não era ano eleitoral. Há dezenas de rádios comunitárias no RS que servem apenas de fachada para negócios obscuros. Agora, são o ralo da salvação não contabilizada que os políticos encontraram para o Caixa 2.

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