Você diz que não ouve, faz que não me quer*

carnaval
Foto: Marcelo Oliveira/ Ag. RBS

O prefeito da Capital, José Fogaça (PPS/ RS), o governador licenciado Germano Rigotto (PMDB/ RS) e o ex-governador Olívio Dutra (PT/ RS) assistiram juntinhos ao desfile do Grupo Especial no Complexo Cultural Porto Seco. Seguindo a tradição, foram a reboque dezenas de deputados, vereadores e secretários.

Nas eleições de 2002, o então governador Olívio perdeu a prévia – inédita dentro do PT – Tarso Genro. Isso rachou a militância e foi uma das razões para a ascensão de Rigotto ao Piratini. Nas municipais de 2004, Fogaça tinha como projeto "Mudar o que está ruim, continuar o que está bom". Ou seja, a cidade continua uma porcaria. Mas a frase pode fazer um desvio semântico ao final do texto. Em 2005, o partido de seu vice, o PTB, tornou-se o pivô da crise que acabou com a credibilidade do PT.

Curiosamente, apesar do Caixa 2 petista ter sido admitido pelo ex-presidente do Diretório, David Stival, os R$ 4 milhões que Roberto Jefferson alega ter recebido desapareceram. Era grana para financiar os candidatos petebistas nas principais cidades do país. Meio difícil de acreditar que, se o dinheiro foi mesmo distribuído, uma quantia substancial não teria sido usada na chapa PPS/ PTB em Porto Alegre. Fica ainda mais estranho porque sem a prefeitura, o diretório municipal do partido faliu alguns meses depois de deixar o Paço. Os ex-dirigentes petistas irão responder na Justiça comum as maracutaias. Mais curioso ainda é não ler uma linha sequer sobre o envolvimento do PTB gaúcho com os R$ 4 milhões que Jefferson recebeu do PT. Agora o slogan do Fogaça faz sentido: "Mudar o que está ruim, continuar o que está bom".

Mas seria um absurdo escrever que o PT financiou sua própria derrota. Creio.

*: título inspirado na letra da música Pin-up, da banda punk Os Replicantes.

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