Mondo Campus do Vale

Voltei para o Campus do Vale cinco anos depois e com a maior boa vontade. Ao contrário de 2001, pensei eu, dessa vez, sem ter mais o PT para acreditar, talvez tenhamos aulas mais sensatas e pessoas que deixam a cartilha do lado de fora da sala. Estudar sociologia, enfim. Além de meninas mais bonitas. Engano absoluto. Hoje, em uma cadeira que era para ser sobre Pierre Bourdieu e os macanismos de reprodução social (Sociologia da Educação) a professora conseguiu fazer o assunto chegar no caso Ford-Olivio Dutra. Estamos em 2006 e, não sei como, ela conseguiu fazer uma conexão com o assunto!

- Quem acha que foi ruim para o Estado perder a Ford, que vá lá ver as condições de trabalho na GM. Cheio de robôs substituindo o homem! - disse a professora, em uma das pérolas da noite.

Claro que não faltaram xingamentos também à RBS, ao modelo norte-americano de vida e outros itens obrigatórios da cartilha. Bourdieu? Reprodução social? Sociologia? Ah, era sobre isso a faculdade de Ciências Sociais, né? Por um momento, ninguém na aula parecia lembrar.

Difícil não imaginar a universidade pública, nesse modelo, sendo atropelada por algumas particulares, em muito pouco tempo. No jornalismo do Rio Grande do Sul, por exemplo, essa já é uma realidade, com PUC e Unisinos.

Para fechar a aula, a professora comentou o péssimo estado de conservação da sala, a falta de investimento na universidade e o processo de privatição das federais - que ela jura estar acontecendo. Deve ser por isso que o universitário brasileiro é o que custa mais caro no mundo para o governo. Lembro disso sempre que vejo aqueles hippies que estão lá na faculdade há mais ou menos 15 anos, sem perspectivas de se formar.

Ah, mas as meninas estão melhores, realmente. Viva a universidade pública.

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