Falta elegância, acima de tudo

Em sua tentativa de desculpas, Angela Guadagnin diz que um "ato espontâneo" deu margem a interpretações erradas. Notadamente, de que ela estava tripudiando sobre o eleitor.

Deixando-se de lado o evidente esfarrapamento da desculpa, há um outro problema aí: o Congresso, assim como os tribunais, o Itamaraty e o palácio do Planalto, não é lugar para espontaneidade. São espaços públicos, onde em tese os representantes do cidadão devem dirigir a sociedade de maneira completamente impessoal. Não quero os deputados e senadores votando espontaneamente em um projeto de lei. Nem o presidente da República respondendo espontaneamente a provocações de outros países, ou fazendo discursos espontâneos frente a chefes de Estado.

Infelizmente, todos estes lugares estão lotados de apedeutas e boçais iletrados, que em um mundo decente não seriviam nem para lavar o chão dos salões. Exceto pelo Itamaraty, que coincidentemente tem um dos mais duros processos seletivos do Brasil, senão o mais.

Além de falta de espírito público, deixar-se levar por sentimentos a ponto de rebolar a bunda gorda no plenário da Câmara denota total ausência de elegância. Sintoma e causa da maioria dos problemas do Brasil. Da péssima educação, da falta de cultura clássica, da gestão personalista da coisa pública, da impunidade, da apatia do povo etc. etc. etc.

E ser elegante não é necessariamente ser chato. Churchill não era nada chato. Nem Ruy Barbosa. Nem o Barão do Rio Branco. Nem a Rainha Mãe.

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