A última fronteira

Dos dezessete ministros e secretários petistas empossados por Lula no início de seu governo, em janeiro de 2003, onze caíram ao longo do caminho. As piores baixas foram no então chamdo Núcleo Duro do PT. José Dirceu, Luiz Gushiken e Luiz Dulci formavam com Antônio Palocci o cordão ao redor do presidente. Enquanto os próprios petistas se engalfinhavam para conseguir mais poderes, também avançavam na máquina pública do Estado. A centralização das pautas governamentais que Dirceu praticou na Casa Civil é uma prova disso. O documentário de João Moreira Salles sobre a campanha de Lula, Entreatos, mostra de forma bem clara o afã petista pelo sucesso a qualquer custo do governo. Uma vez lá, o partido que se destacava pelas plenárias democráticas país afora deixou claro quem mandava e quem deveria obedecer.

No vale tudo de Brasília, é difícil acreditar que, em mais 20 anos de representação, o PT não soubesse das maracutaias no Congresso e como a máquina parlamentar funcionava: à base de propinas. O caso da saída de Olivio Dutra (PT/ RS) foi o mais emblemático: foi fritado em fogo baixo para dar lugar a um indicado de Severino Cavalcanti (PP/ PE). Depois disso, o estouro do Mensalão, dólares na cueca e a quebra do sigilo bancário de um caseiro – para ficar em alguns exemplos. Os petistas mentem, roubam, acossam e deixam claro que não estão nem aí. Deve ser porque "não conheciam as regras do jogo de Brasília".

Ouvidos moucos, um projeto de poder e poucos esclarecimentos depois, o presidente Lula tem apenas dois ministros históricos do PT e hoje o último bastião do Núcleo Duro está ameaçado em razão de mais uma porquice partidária. O PT acreditou que os fins garantiriam os meios. Do alto da sua arrogância ética, paga caro pelos erros que cometeu. O cordão de Lula não existe mais, e de agora em diante, ele terá de responder sozinho pelos seus erros e contradições.

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