Pega na mentira

"Palocci está correndo com medo", diz caseiro

Francenildo Santos Costa andava ontem à tarde por uma rua da cidade-satélite de Brasília quando recebeu uma ligação do O Globo. Eram 17h30, minutos depois da demissão do ministro Antonio Palocci ser divulgada. Ao ouvir a notícia, levou um susto:

- Ué, mas já? - perguntou.

O caseiro respirou fundo, emudeceu por uns três segundos e fez um desabafo:

- Ele falou que quem tava mentido é (sic) eu! Então o homem tá devendo então? Tá correndo com medo... É o pega na mentira como os senadores falaram na CPI dos Bingos - exclamou.

Perguntado se tinha ficado contente, não vacilou: disse, com suas palavras, que a demissão provava que ele estava falando a verdade. E dispensou o repórter:

- Vou ligar o rádio!

O caseiro que derrubou o homem forte da economia no governo Lula demonstrou uma confiança jamais vista até aqui. Desde que teve o sigilo bancário quebrado, há dez dias, andava assustado. Não disse sequer ao seu advogado, Wlício Chaveiro Nascimento, onde vem dormindo. Quinta-feira passada, quando esteve na Polícia Federal, disse não acreditar num desfecho positivo (para ele) do episódio:

- Agora é o tostão contra o milhão - disse ele, ao ser perguntado se queria dar um recado ao presidente Lula.

Nildo, como é conhecido, foi envolvido nas investigações sobre a República de Ribeirão Preto no dia 8 de março. Ele foi citado na CPI dos Bingos pelo motorista Francisco das Chagas Costa, que dirigia para ex-assessores de Palocci quando eles vinham a Brasília. O motorista sequer sabia o nome do caseiro, mas disse que ele poderia confirmar tudo o que acabava de dizer aos senadores: que Palocci, ao contrário do que afirmara, havia estado na casa alugada pelos amigos do passado.

"Confirmo até a morte", disse Nildo na CPI

Nildo deu uma entrevista ao Estado de S.Paulo confirmando o depoimento do motorista. Levado pela oposição à CPI dos Bingos, disse:

- Confirmo até a morte!

O depoimento dele foi interrompido por uma liminar do Supremo Tribunal Federal.

Um dia após o depoimento, a revista Época divulgou dados de seu sigilo bancário, quebrado na sede da Caixa Econômica Federal. A revista revelou que Nildo recebeu depósitos de R$ 25 mil em dinheiro nos últimos três meses e abriu uma guerra entre oposição e governo, que tentou desqualificar o depoimento de Nildo insinuando que ele recebera dinheiro para acusar Palocci.

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