A lenga-lenga de sempre
Todo ano eleitoral é a mesma história: "A RBS mente, manipula, maquia as notícias contra o PT, o Fórum Social Mundial, o MST e todos os hippies de Porto Alegre". O principal jornal da empresa, a Zero Hora, publicou em editorial nota de repúdio a uma declaração do ministro Tarso Genro (PT- RS) sobre Liberdade de Imprensa. Estamos em 2006. Cresçam.
Situação típica do RS, a dicotomia praticada pela gauchada sempre foi um caso de Vai te ferrar X Vai te catar. Não existe meio termo, e a ZH sempre foi o Bicho Papão dos petistas daqui. "Culpa do PT! Eu li na Zero Hora", foi um bordão popular por muitos anos até 2003, quando os gaúchos resolveram assistir de camarote os mesmos erros cometidos pelo partido. Pobre do PT. Ler outro jornal não passava pela cabeça de ninguém, ao visto. Essa discussão tem a idade do jornalismo gaúcho, por Deus. A ditadura castilhista tinha seu próprio jornal e durou 30 anos. Seus inimigos não eram santos e também tinham seu próprio veículo de comunicação. O Correio do Povo entrou no vácuo. Isso é da época da Guerra da Degola (1893- 1895). Hoje em dia existem escolhas e o vácuo é a Internet. Ninguém torce o teu braço.
Aí na hora em que tu entra numa redação descobre que não só a maioria dos profissionais votava no PT, mas também acobertavam denúncias muito piores do que as publicadas e tão criticadas. Se tudo sobre o FSM de 2002 que chegava à redação fosse publicado – para ficar em um exemplo atual –, iam atear fogo no prédio do jornal e plantar eucaliptos em cima. Imagino o escândalo nas ruas quando a Zero Hora declarar sua posição política vai causar o pandemônio no Estado.
Nas internas, o partido sempre se gabou do espaço que o jornal lhes dava. O riso deveria ocorrer durante as reuniões do "Projeto de Governo", porque todas foram canceladas e deu no que deu. Abaixo, um trecho do texto:
Evidentemente, que também a imprensa está sujeita a erros, pelos quais se submete diariamente ao julgamento da opinião pública. Mas não foi a imprensa que criou o mensalão (denunciado pelo presidente de um dos partidos da base do governo), usou o caixa 2 (que o presidente Lula diz ser generalizado), montou o valerioduto (pelo qual Delúbio Soares terceirizou o financiamento do PT) ou corrompeu áreas de estatais. Nem é a mídia a responsável pelo nível de corrupção que maculou os comandos partidários, com respingos que chegaram às salas do Palácio do Planalto, da mesma maneira que implicaram o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB).
EDITORIAL
A CONSPIRAÇÃO DA MÍDIA
Encarregado de uma missão espinhosa - atuar como coordenador político do governo num momento de crise ética e com a base parlamentar fragilizada -, o ministro Tarso Genro fez uma estréia pouco diplomática no novo cargo. Numa de suas primeiras declarações públicas após retornar ao poder, denunciou a existência de uma suposta "aliança entre a mídia e setores conservadores contra os avanços democráticos do governo Lula". Para justificar sua tese conspiratória, lembrou que "90% dos grandes formadores de opinião e as notícias que circulam são contra o governo".
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que o ministro tem todo o direito de acusar quem quer que seja. Felizmente estamos numa democracia resistente até mesmo a soluços autoritários, como as recentes investidas do atual governo para amordaçar servidores públicos ou criar um órgão especial destinado a intimidar a imprensa. Neste ambiente de liberdade, é legítimo que a mídia brasileira seja alvo da crítica do ministro, da mesma forma como é permanentemente fiscalizada pela sociedade, seja através da opção pela audiência, seja pelos múltiplos mecanismos de pressão existente.
Mas também é legítimo que tenha liberdade e autonomia para denunciar irregularidades e criticar os governantes, sem que isso implique parcialidade ou alinhamento com qualquer corrente política.
Entre os papéis da imprensa numa democracia, está exatamente este de investigar e denunciar os desmandos do poder. Evidentemente, que também a imprensa está sujeita a erros, pelos quais se submete diariamente ao julgamento da opinião pública. Mas não foi a imprensa que criou o mensalão (denunciado pelo presidente de um dos partidos da base do governo), usou o caixa 2 (que o presidente Lula diz ser generalizado), montou o valerioduto (pelo qual Delúbio Soares terceirizou o financiamento do PT) ou corrompeu áreas de estatais. Nem é a mídia a responsável pelo nível de corrupção que maculou os comandos partidários, com respingos que chegaram às salas do Palácio do Planalto, da mesma maneira que implicaram o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB).
Basta observar a realidade nacional sem paixões para se constatar que não há conspiração alguma da mídia contra quem quer que seja. Existe, isto sim, uma crise de valores na administração pública, nos partidos políticos em geral e no PT em particular. Essa crise pode ser observada tanto na fragilidade moral de alguns integrantes do parlamento quanto na despudorada ação de homens do governo. A mídia não estaria cumprindo o seu papel de monitor permanente do poder se omitisse tal realidade da população.
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