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Cadeia pra rico

Finalmente vai à juri popular, hoje, o jornalista Antônio Pimenta Neves. Para quem não lembra, Pimenta Neves era diretor de redação do Estado de São Paulo em 20 de agosto de 2000, quando assassinou sua mulher, Sandra, com um tiro nas costas e outro na cabeça. O caso não passaria de mais um crime passional se não envolvesse uma pessoa com grana e poderosa, ou seja, sinônimo de gente que não vai para a cadeia no Brasil. Pois Pimenta Neves foi preso por apenas sete meses e conseguiu um habeas corpus junto ao Supremo.

Tudo estava encaminhado para que a cadeia para rico continuasse sendo um mito, com os gritos e protestos da família da vítima sendo ignorados por todos e escondidos pela mídia. Até que a Globo entrou na história.

Há cerca de um mês, o Fantástico fez uma reportagem genérica e aparentemente sem propósito sobre "crimes nunca esclarecidos". E citou o caso Pimenta Neves. Abordou Pimenta Neves em sua casa, mostrando a recusa do jornalista em dar entrevistas sobre o caso. A história voltou à tona e, finalmente, estamos diante do julgamento, que terá ampla cobertura da Rede Globo nos próximos dias, como anunciaram hoje o Jornal Nacional e o Jornal da Globo. Quase um caso Tim Lopes, como bem comparou o Walter.

É claro que estava mais do que na hora de colocar o cara na cadeia. Não há dúvida sobre a autoria do crime, a questão é apenas saber quantos anos de prisão ele pegará. A pergunta que não quer calar, no entanto, é qual o interesse da Rede Globo em desengavetar o caso e começar a cruzada pela prisão de Pimenta Neves. Lógico que há muito mais por trás disso além da morte de Sandra.

Por Gabriel Brust em 03.05.06 às 01:12 - comentários (9)

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