Demência seletiva

Todo o funcionamento do PCC foi esclarecido enquanto os jornalistas tentavam furar a lona do circo montado no depoimento de Sílvio Pereira. Matéria no site Congresso em Foco apresenta os resultados da audiência da CPI das Armas feita em 10 de julho – mesmo dia do depoimento de Silvinho à CPI dos Bingos. Abaixo, o lead da reportagem:

Realização de conferência telefônica por celular para julgar uma pessoa, afinal condenada à morte e assassinada. Entrada de fuzil em presídio por meio do popular Sedex, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Cobrança de contribuições mensais dos "sócios" (R$ 50 por mês de cada preso e R$ 550 de criminosos que se encontram em liberdade). Caixa para financiar roubos, seqüestros e outras ações violentas mediante concessão de empréstimos, pagos com juros e correção monetária. Fornecimento de "bolsas de estudo" a estudantes de Direito para futuramente defender "juridicamente" a organização.

Entre os requerimentos aprovados naquele dia, está um do deputado Moroni Torgan (PFL/ CE), que solicita a intimação dos representantes de todas as operadoras de telefonia Celular, o Presidente e Diretor Técnico da ANATEL. Mas ninguém notou. Não devia ser importante publicar essa informação.

Na extensão, reportagem do Jornal do Brasil sobre o abastecimento de armas do PCC. Publicada em 30 de janeiro. Santa eficiência, Batman.

CPI: oficiais estrangeiros facilitam o tráfico de armas

Militares de países vizinhos estariam envolvidos no contrabando para o Brasil

Hugo Marques

BRASÍLIA - Uma série de relatórios e informações confidenciais em poder da CPI do Tráfico de Armas começa a mobilizar o Congresso Nacional a partir desta semana para um assunto que deverá causar impacto. Os documentos mostram que oficiais de alta patente das forças armadas de pelo menos quatro países que fazem fronteira com o Brasil estão ajudando a abastecer o mercado de armas pesadas clandestinas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Segundo o conjunto de denúncias documentadas, o tráfico de armas para o Brasil tem o envolvimento direto de oficiais de alta patente da Argentina, Paraguai, Uruguai e Suriname. A lista de oficiais envolvidos com o tráfico internacional de armas já tem identificados cinco generais dos exércitos do Suriname, Uruguai e Paraguai, além de seis nomes de oficiais do exército da Argentina.

O presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), já começou a costurar uma rede de apoio internacional para mobilizar estes países no sentido de identificar e punir os responsáveis pelo envolvimento das forças armadas destes países com o tráfico de armas. Após uma experiência elogiada na relatoria da CPI do Narcotráfico - uma das que mais levaram à prisão de bandidos na história do Legislativo - Moroni já recebe ajuda da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Inteligência e das Forças Armadas para desenvolver seu trabalho.

Moroni vai pedir nos próximos dias a colaboração da Interpol e das embaixadas dos países para coibir o tráfico. O deputado afirma que a documentação é mais que convincente. Os relatórios incluem até trechos de escutas telefônicas feitas nestes países, onde os nomes de generais e oficiais de alta patente são citados abertamente nos esquemas de tráfico de armas para o Brasil.

- A informação que temos é de que são todos militares dos exércitos destes países. Da mesma forma que traficam armas para o Brasil, estão traficando para os bandidos de lá também - diz Moroni.

Segundo o deputado, a fronteira mais desprotegida é a do Suriname, onde o tráfico é intenso. O exército do Suriname, segundo o parlamentar, compra as armas e as coloca em paióis, de onde são levadas em falsos roubos. Em seguida, os militares do país vendem as armas para traficantes brasileiros, que trocam uma pequena parcela por drogas na Colômbia e despejam o restante nas organizações criminosas no Rio e São Paulo.

Nas fronteiras do Brasil com a Colômbia e a Bolívia, diz Moroni, funciona um verdadeiro ''supermercado'' de armas usadas. Segundo o parlamentar, todas as armas que não servem mais para a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) são colocadas à disposição dos criminosos brasileiros. É nestas regiões, diz Moroni, que muitos dos fuzis em poder das quadrilhas do Rio são negociados. As Farc já montaram acampamentos a poucos quilômetros da fronteira.

Do Uruguai, o Brasil receberia armas novas e usadas, segundo o deputado.

No Paraguai, segundo informações recebidas pela CPI, o exército abastece as quadrilhas de traficantes que trazem armas para o Brasil. Na Argentina, oficiais de alta patente estão ajudando a abastecer o mercado clandestino brasileiro com armamentos pesados, que incluem até granadas e lança-foguetes segundo as denúncias. Foram verificadas também desvios de armas das forças armadas da Argentina e do Paraguai, que não teriam controle rigoroso. Pelas informações recebidas pela CPI, Moroni acha que na Argentina as próprias fábricas de armas ajudam os oficiais a traficá-las.

- As informações que recebemos mostram onde estes oficiais atuam e como eles fazem para transportar estas armas para o Brasil - diz Moroni.

Uma das informações recebidas inclui até o nome de uma das transportadoras envolvidas com os oficiais do exército argentino, que trariam as armas pelas rodovias que atravessam a região sul do Brasil. Moroni diz que os dados são sigilosos e não vai divulgar os detalhes para não comprometer as investigações. Eles se referem às rotas de abastecimento para os grupos organizados.

- Quem se abastece principalmente no Paraguai é o Comando Vermelho. O Primeiro Comando da Capital se abastece na Argentina e no Uruguai - conta Moroni.

O parlamentar destaca ainda a importância da campanha de recolhimento de armas dos cidadãos no Brasil. A PF já recolheu mais de 450 mil armas. Mas Moroni acha que a entrada de armamentos pesados de exércitos de outros países pode comprometer o trabalho das polícias.

- O confronto fica prejudicado. A polícia não tem armamento de forças armadas. Usa armamento portátil, de prevenção à violência nas ruas - diz Moroni.

Além da ajuda da Interpol e das embaixadas, a CPI vai criar um grupo de trabalho que viajará aos outros países para reuniões nas cidades onde o tráfico de armas para o Brasil é mais intenso. Moroni espera receber ajuda dos três poderes dos países vizinhos para este trabalho integrado.

A CPI tem até abril para concluir a investigação, mas pode ter o prazo prorrogado.

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