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Folha tortura números para incriminar Lula

Otávio Frias Filho, herdeiro e dublê de jornalista, odeia Lula, conforme uma historinha contada certa vez por Mino Carta. Deve ser por isso que seu jornal publicou uma matéria totalmente estapafúrdia, que passa o tempo inteiro se desmentindo. O título diz: "Sanguessugas e mensaleiros enriqueceram mais sob Lula". O primeiro dado é que de 1998 a 2002 os acusados pelos esquemas aumentaram o patrimônio em média em 28,6%, contra 136,9% desde que o PT assumiu. Porém:

Esse dado contém uma distorção. O deputado Vadão Gomes (PP-SP), absolvido pela Câmara da acusação de ter recebido dinheiro do "valerioduto", registrou um crescimento patrimonial acima da média ao longo dos últimos períodos. Dono do frigorífico Estrela D'Oeste, ele declarou R$ 3,929 milhões em 1998. Depois, passou para R$ 7,140 milhões em 2002. Agora, está com R$ 35,781 milhões --crescimento de 403,1% num período de quatro anos.

Tirando Vadão, ainda assim os pilantras tiveram um aumento em seus patrimônios. Em 32 casos, a evolução patrimonial de 1998 a 2002 foi de 15%. Entre 2002 e hoje, esses mesmos 32 tiveram um aumento de 31,7% no butim. Porém:

É preciso considerar também a inflação medida nos dois períodos analisados. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, usado pelo governo na meta de inflação do país, foi de 27,2% de 1998 a 2002 (...) Já de julho de 2002 a junho de 2006 a alta de preços pelo IPCA foi bem maior, de 38%.

Tirando a inflação, descobre-se, conforme a Folha, que em média os sanguessugas na verdade PERDERAM dinheiro nos últimos anos. Sob o reinado de FHC, perderam 10%. Sob Lula, 5%.

A matéria mistura alhos com bugalhos, sem dizer em que proporção cada um está representado. Não diz se pegaram 31 mensaleiros e 1 sanguessuga, ou vice-versa. Obviamente, quanto mais mensaleiros, pior fica a situação para o Lula. Cabe lembrar que apenas um sanguessuga é petista. Pelo jeito, os repórteres não se comunicam muito com o pessoal do Datafolha, ou saberiam que dependendo de como se compõe a amostra, é possível provar qualquer coisa.

Além disso, mesmo que a amostra tenha sido bem composta, um fator que pode interferir é o tempo. Se os pilantras criaram os esquemas durante FHC, mas continuaram operando normalmente, é natural que os sistemas de corrupção acabem se consolidando e, por isso, gerando mais lucros.

Toturando-se os números, eles confessam qualquer coisa. Pode até ser mera incompetência, mas essa matéria vaga e confusa dá uma impressão muito desconfortável de que a Folha, que A-DO-RA posar de imparcial, está forçando a barra para prejudicar Lula.

Por Marcelo Träsel em 30.07.06 às 15:46 - comentários (5)

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