A Nova Corja

A ética do carteiro

A Rosane de Oliveira escreve na Zero Hora de hoje, com razão, sobre a banalização da palavra “ética”:

“Assim como no passado o clichê mais usado pelos candidatos era a promessa de "lutar por uma sociedade mais justa e mais humana", agora assiste-se à banalização da ética. Em dois dias de propaganda, ética foi uma das palavras mais pronunciadas, às vezes meio fora do contexto.”

E não é exclusividade da política. Hoje de tarde fui até uma agência dos Correios mandar um fax de 1 página para o Jacques Chirac. Me cobraram R$ 13 pelo fax internacional. Paguei sem pensar; já estava anestesiado após a leitura do cartaz colado atrás do balcão, com a missão da empresa:

“Facilitar as relações pessoais e empresariais mediante a oferta de serviços de correios com ética, competitividade, lucratividade e responsabilidade social.”

No site da empresa é possível até clicar no Manual da Ética Suprema do Carteiro (claro, é tanta ética que o link não funciona).

Devem ter feito isso para tentar recuperar a imagem dos Correios, jogada no lixo depois que Maurício Marinho, chefe de departamento da empresa, apareceu em uma gravação, em junho do ano passado, cobrando propina. Descobriu-se a maracutaia do loteamentos de cargos na estatal. Roberto Jefferson apareceu e foi o fim de tudo, da diretoria dos Correios, do PT, do Brasil.

Eu não sei, mas, na minha modesta opinião, quero só que as minhas cartas cheguem, não quero ética nenhuma.

Por Walter Valdevino em 17.08.06 às 16:53 - comentários (3)

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