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Dose diária de demência eleitoral – sábado - 19/08/06 | Home | Tarado ou pecuarista?

3 entrevistas na Veja

Precisamos aceitar, de uma vez por todas, que o Brasil é um país de chinelos. 3 entrevistas na revista Veja desta próxima semana não deixam dúvidas.

Na seção Auto-retrato, a revista entrevista o coitado do caseiro Francenildo Costa. O caseiro revelou que Paloffi freqüentava a famosa mansão em Brasília onde o pessoal de Ribeirão realizava suas negociatas e orgias. Em retaliação, Paloffi mandou violar o sigilo bancário de Francenildo.

Se pudesse voltar no tempo, o senhor denunciaria Palocci novamente?
De jeito nenhum. Falar a verdade só me trouxe problemas. Eu queria dizer aos cidadãos de bem que, no Brasil, não vale a pena contar a verdade. Se alguém quer revelar o que sabe a respeito de um político, arrume antes um jeito de se mandar do país. Senão, é melhor cavar um buraco de sete palmos antes de falar.

Francenildo está certo. Não vale a pena falar a verdade no Brasil. Muito menos ser sério. Desconfie imediatamente de quem fala em ética. Foi o que o PT fez a vida inteira. Deu no que deu.

A revista também publica uma entrevista com Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, a empresa que controlava o esquema dos sanguessugas no Congresso. As palavras de Vedoin são a síntese de nossa terrinha:

Esse esquema começou com um deputado, rapidamente passou para oito e, no fim, uma centena de parlamentares recebia propina. Nunca passou pela sua cabeça que um dia seria descoberto?
A gente tinha medo de que tudo pudesse ruir, mas não acreditava nisso. Imaginávamos que o que a nossa empresa fazia era pequeno diante de tanta coisa que acontece em Brasília. Eu não pensei que ia ser tão problemático.

O senhor acha que o seu depoimento ajudará a mudar a elaboração do orçamento?
Eu gostaria, mas acredito que não. Se acabarem as emendas individuais, ainda continuarão as emendas de bancada, os recursos extra-orçamentários. Sempre vai haver um conchavo, uma negociata.

Ou seja: o brasileiro é um povo criativo, sempre descobrirá novos meios de fazer falcatrua, sem muita preocupação em ser descoberto.

Por fim, Márcio Thomaz Bastos, em entrevista nas páginas amarelas, mostra como a mentalidade de adevogado predomina entre nós. É o exemplo máximo do adevoguês:

Há muito tempo tenho a idéia de que o Brasil não vive uma crise normativa, mas uma crise institucional. No iluminismo, Montesquieu dizia que não se constrói uma sociedade baseada na virtude dos homens, mas na solidez das instituições. É verdade. Não se combatem a corrupção e o crime sem instituições fortes e efetivas. Um amigo meu tem uma tradução livre do pensamento de Montesquieu. Diz que a pessoa não se detém por ser honesta, mas por ter medo. Sempre achei isso.

Aparentemente tudo lindo, com a exceção de que o ministro esquece que no comando das desejáveis sólidas instituições estarão Paloffi, Dirceu, Vedoin, Lino Rossi e ele próprio, o Ministro da Justiça que se encontra secretamente com investigados pela Polícia Federal.

Por Walter Valdevino em 19.08.06 às 14:10

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