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Vollta | Home | Dose Diária de Demência Eleitoral - quinta - 31/08/2006

De vollta ao time titular

"Discretamente, o ex-presidente do PT José Genoino voltou a freqüentar o Palácio do Planalto. Nessa quarta-feira, às 15h, ele teve um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A audiência, que durou cerca de meia hora, não entrou na agenda presidencial. Para não chamar atenção, Genoino passou primeiro pela sala do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que foi junto à sala do presidente. Depois de ter “caído em desgraça”, diante da descoberta de que assinara como avalista os empréstimos feitos por Marcos Valério ao PT, Genoíno tenta se eleger deputado federal por São Paulo, com o principal número da legenda, 1313."

"A julgar pelo encontro dessa quarta com o presidente, Genoíno pode voltar a freqüentar instâncias de decisão do partido e do governo. Ele exercia papel central no esquema do mensalão, segundo a investigação do procurador-geral da República. De acordo com o MP, havia uma organização criminosa dividida em três núcleos: o político-partidário, o publicitário e o financeiro. Genoino, juntamente com José Dirceu, Delúbio Soares e Silvio Pereira, fariam parte do núcleo político-partidário que pretendia garantir a permanência do PT no poder com a compra de suporte político de outros partidos e com o financiamento irregular de campanhas. Esse núcleo seria o responsável por repassar as diretrizes de atuação para os outros dois núcleos.

Genoino iniciou a campanha enviando uma carta a militância petista política explicando os equívocos cometidos na direção do partido. Afirmou que suas tarefas não incluíam a administração nem as finanças do partido. Admitiu apenas ter cometido uma série de erros na direção do partido, tais como privilegiar as tarefas da representação política em detrimento daquelas que exigiam decisão executiva e que eram de natureza prescritiva. O ex-deputado citou ainda como principal erro do PT o financiamento das campanhas eleitorais.

Mesmo admitindo a falha no episódio, Genoino afirmou aos militantes que os dois empréstimos que avalizou — um de R$ 2,4 milhões do BMG e outro de R$ 3 milhões do Banco Rural — foram feitos num momento em que o PT enfrentava dificuldades financeiras. Outro caso que respingou em Genoino e contribuiu para precipitar sua renúncia foi o da prisão do assessor petista José Adalberto da Silva com US$ 100 mil na cueca e R$ 200 mil em uma bolsa, quando tentava embarcar de São Paulo para Fortaleza.

O governo Lula deu nessa quarta partida na criação de uma agenda política para depois das eleições. Certo de que será reeleito, Lula propôs ao Congresso a discussão de três propostas: a reforma política, o fim da reeleição e a mudança nas normas para elaboração do Orçamento da União. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro foi ao Congresso para levar as propostas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Com o gesto, Lula quer, primeiro, se reeleito, dar o tom do debate e impedir que a oposição domine o espaço com as denúncias contra o governo. Em segundo, se não houver reeleição, Lula sonha em candidatar-se novamente à presidência, em 2015.

A nova agenda pretende pôr a reforma política no centro do debate. Nas conversas reservadas, esbanja confiança na eleição, mas revela temores sobre o clima que enfrentará no Planalto e teme que a oposição tente derrubá-lo. Daí querer ampliar a base de sustentação do governo no Congresso e também atrair setores da oposição. Os próximos passos de Lula são a formação de um “governo de coalizão” para o eventual segundo mandato e a criação de um processo de concertação (termo utilizado no Chile, que significa pacto). “Não significa que haverá consenso em torno do mérito, mas da necessidade de enfrentar os problemas”, diz Tarso. A reunião teve dois momentos. No primeiro, com a presença de assessores, discutiram a agenda política para este ano e o início de 2007. Depois, a sós, falaram da entrada do PMDB no governo de coalizão."

Por Rodrigo Alvares em 31.08.06 às 14:31 - comentários (3)

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