Banana voadora

Chega até a ser grotesco dizer alguma coisa sobre essa aberração do acidente com o avião da Gol que matou 154 pessoas. Nada pode ser mais significativo da demência brasileira.

A primeira reação dos comunas tupiniquins foi a de dizer que, obviamente, os arrogantes pilotos americanos tinham sido culpados. Brasileiro sempre é melhor em tudo e os yankees querem colonizar nosso pobre país em desenvolvimento, voando sem controle por onde bem entendem.

Ontem, “o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, admitiu, pela primeira vez, que "PODE TER HAVIDO UM ERRO" em uma informação de um controlador de vôo que estava encerrando seu turno de serviço, em Brasília, antes do choque do jato Legacy com o Boeing da Gol em que morreram 154 pessoas no dia 29 de setembro. O Legacy partira de São José dos Campos para Manaus via Brasília. Segundo Bueno, o controlador que deixava o turno passou para seu substituto "uma informação falsa que pensava ser verdadeira", pois disse que o Legacy estava no nível 360, quando, na verdade, depois se verificou que estava no nível 370." (Estado)

No New York Times de ontem um dos passageiros do Legacy, o jornalista Joe Sharkey, escreve um artigo desancando a demência carnavalesca: “Stuck in a Bureaucratic Jungle After Landing a Crippled Jet”.

Sharkey destaca que, segundo informações da derrota burocrática brasileira, as investigações podem durar até DEZ meses. Enquanto isso, os dois pilotos seguem em uma situação kafkiana, enfurnados em um hotel no Rio de Janeiro, com seus passaportes confiscados, sem nenhuma acusação contra eles e sem poder sair na rua com medo de serem linchados ou esculhambados pela imprensa. Sharkey também cita o caos que se transformou a aviação brasileira: “After the crash, there was turmoil in Brazilian air traffic control. Controllers, protesting what they called unsafe working conditions, staged a work slowdown that caused major delays.

Na Folha de hoje (íntegra abaixo) tem uma matéria falando que o sargento responsável pelo erro que causou o acidente não tinha experiência e assumiu o posto para suprir falta de pessoal. Como culpar diretamente o cara? Quem é o culpado? É isso, mata 1, mata 5, mata 154 que NÉDÉNÉDÉ.

Folha de S. Paulo

São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Responsável por falha era novo na equipe

Controlador que presumiu erroneamente a altitude do Legacy no dia do acidente tem menos de nove meses de experiência

Segundo a Folha apurou, sargento de cerca de 20 anos foi liberado para controlar vôo, mesmo sem estar apto, para suprir a falta de pessoal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O controlador responsável pela falha indicada pela Aeronáutica no dia do acidente do vôo 1907 era novato na equipe do Cindacta-1, com menos de nove meses de experiência após a homologação de sua carteira, segundo a Folha apurou. Foi ele quem presumiu erroneamente a altitude do Legacy.
Ele tem cerca de 20 anos e é considerado muito dedicado. Afastado do trabalho, evita os amigos e já trocou de telefone. Transtornado, tem medo de ser responsabilizado pela falha, que foi repassada ao operador com quem ele revezava.
O jovem sargento foi contatado pela Folha na última sexta. Assustado, não quis falar. Na curta conversa, disse que "na hora certa" falará sobre as condições de trabalho do Cindacta-1. É a linha de defesa planejada pelos nove operadores afastados por ligação com o acidente, em antecipação à possível responsabilização penal.
Dessa forma, buscarão mostrar que o controle aéreo brasileiro funciona precariamente e fragiliza os controladores, que seriam obrigados pela rigidez militar a assumir riscos com sobrecarga de trabalho, deficiência de preparo e de treinamento e baixa remuneração.
Essas queixas já foram expostas pela operação-padrão do Cindacta-1, na qual sargentos tiraram licença médica e os que ficaram seguiram as normas de fluxo e espaçamento, gerando o caos nos aeroportos.
Porém a Folha apurou que, no caso específico desse controlador, os problemas envolveriam uma homologação quase forçada por ordem superior.
A deficiência de pessoal, já admitida pela Aeronáutica, teria aumentado a pressão para que esse controlador fosse efetivado após o estágio regulamentar, sem que ele fosse considerado pronto para assumir tráfegos na escala da equipe.
O estágio, de no mínimo três meses, pode ser estendido. Nessa etapa, o controlador atua na equipe, mas sob responsabilidade de um instrutor -um controlador mais experiente e a postos para assumir o console se necessário. A investigação mostrará qual foi o procedimento do instrutor no dia do acidente.
O segundo controlador, que obteve do inexperiente sargento o controle do jato por volta das 16h de 29 de setembro, não foi localizado.

Sem sobrecarga
O brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante da Aeronáutica, revelou ontem, durante a audiência pública no Senado, que o controlador que operava o console do radar na hora do acidente com o Boeing da Gol estava monitorando apenas cinco aviões.
Portanto, não havia sobrecarga naquele momento, apesar das alegações da categoria de que é normal chegar a 20 aviões monitorados simultaneamente por cada setor. O ideal é 14 por setor.
Cada setor deve ter dois controladores em revezamento de duas horas por turnos de oito horas, além de um supervisor na retaguarda -a investigação deverá determinar o papel do supervisor na tarde do acidente. (LEILA SUWWAN)

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