"Vamos acabar com o tititi"

Na esperança de encontrar discussões que caberiam à reputação da USP, me aproximei de um grupo de discussão que estava sentado à grama próximo ao prédio da reitoria. O máximo que consegui ouvir foi um "A mesa encaminha a votação. Vamos acabar com o tititi". Como a conversa deve ter sido produtiva, as duas dezenas de estudantes que - imagino - representam milhares de pessoas logo se levantaram para se enfurnar no prédio coberto por dezenas de faixas.

À frente da construção, uma mureta de pneus que eu poderia derrubar com um chute adornada com a faixa "Reaça, ocupe você também". Feito o desafio, passei os pneus e tentei entrar. Sem sucesso. Aparentemente, qualquer integrante da Mídia Má, Feia e Bobona carrega blocos de anotação ao invés de esconder gravadores. Comecei a discutir com um dos funcionários que guardavam a entrada do lugar. Mas logo vi que seria inútil.

Sorte a minha que apenas uns gatos pingados estavam lá e se contentaram em observar minhas anotações. Enquanto fazia isso, ouvi o mesmo funcionário bradar que "também pagava imposto e tinha direito a fazer greve". Pelo número de gente sentada e deitada ao sol, aquilo mais parecia uma colônia de férias. Até porque os debates marcados e as mensagens nas faixas não me ajudaram a entender a aporrinhação sobre a tal autonomia da faculdade, a menos que alguém realmente se interesse em saber o que o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, tem a dizer sobre os 90 anos da Revolução Russa.

Comecei a ter calafrios no estilo Fórum Social Mundial quando li algumas exigências para A Construção de uma USP Melhor. Se alguém puder me explicar no que pedir coisas como "um governo tripartite de estudantes, professores e funcionários", o fim do vestibular e xingar José Serra pode ter algum resultado prático para a melhoria da USP, eu agradeceria.

Quando estou para ir embora, dois grupos se encontram e tecem um diálogo que ouvi várias vezes durante os FSMs:

"E a reunião que ia ter lá?"

"Vai ser aqui"

"Mas ninguém nos avisou"

Um carro da Rede Record estacionou longe dali - por motivos óbvios. Cinco minutos depois, raparam fora. Foi a minha deixa para também me mandar e tentar descobrir quando exatamente a vida ficou tão enfadonha.

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