Afastada da marcha pelo labor de cada dia, apareci às 20h nas imediações do Anfiteatro pôr-do-sol com uma certa tristeza. Não sou mais a de dois anos atrás, tampouco a coisa acontece de modo parecido: um ou outro firme ainda segura uma bandeira do PT, o resto deixou em casa enrolada. Me parece que, nessa edição, o outro mundo está cada vez mais impossível. Mas, enfim, temos as ONGs, os pandas, a comida sem agrotóxico.
E a idéia era ver o Manu Chao. Sem entrar em pormenores de uma noite bizarra, digo que o frio e o sono me fizeram desistir de ver tal coisa ao redor de duas da manhã. Relatos contam que foi longe, e Manu Chao entrou pelas três ou mais. De violão e com um sujeito de acordeon fazendo o acompanhamento. Ah, o acordeon! Shame on you, carolzinha.
De bizarrice, cito um brasileiro que fingia ser inglês de modo grotesco, perguntando com dificuldade onde tinha um supermercado aberto (lembre-se que passava da uma da manhã). Também um sujeito que veio OFERECER maconha e aproveitou para contar de uma câmera digital que ele quase conseguiu roubar, mas foi pego, não antes de soquear o velho proprietário. Altíssimo nível. Um mundo melhor é possível.
Devo dizer que tomei um fartão de tanto dread e quase saí à moda reggae por conta de uma ou outra desinibição e alucinação QUASE-pesada. Os shows vistos, sem exceção, pareciam estar compondo um conjunto de TRIBUTO A BOB MARLEY. Todos os hits jamaicanos estavam lá. E tu sabe que abomino o estilo musical. Profundamente. Os hippies queriam linchar meu esnobismo e rabugice.
Mas estávamos lá. Um monte de gente e eu e tu, como dois anos atrás, o que é uma coisa a se levar em conta. Pra citar o chato, que estava lá com o seu violão: que contradição, só a guerra faz nosso amor em paz.
(Hoje, a Zero Hora diz que 200.000 pessoas estavam na marcha. Estranho o Le Monde estar anunciando 1/4 disso)
postado por Carol Bensimon as 11:31 | pitacos (3) | trackBack (0)