nikê.
Colégio é uma barbaridade. O amigo usa, eu tenho que usar. Vai-se em cadeia e tudo fica igual. Viva que o meu primo ainda não apareceu de Reef, mas é que a influência da família pesa uma bigorna e segura na alternatividade. Ainda assim, eu dou livro de presente e o guri nem lê. Só quer saber de joguinho de computador e depois fica contando tudo até pra quem não se interessa e não entende nada. Mas o que eu tava dizendo era de roupa, de marca. Mataram um gurizote esses dias na João Telles, reportagem na Zero Hora, protesto no Bom Fim e coisa e tal. Foi pra roubar um nike, que o neguinho da vila quer também. Daí eu quero colocar a culpa em alguém, embora ouça em terapias que chega de culpa e de costas largas, eu hein. O tênis nem era do guri, e o valor oscila entre $300 e $700, segundo fontes diversas. Emprestado de um amigo, e ele decerto quis dar banda na noite fazendo bonito pras minas. O que fode, e daí a culpa, é a tendência carneirinho da galera. Se não piram em cima da marca, nem tem roubo não de bem de consumo que se faz só porque decide dizer alguma coisa que todo mundo acredita e segue o baile. Pouca vergonha. Até acho que vou me repetir, mas vá lá: aquela tal de pirâmide de Maslow que a gente aprende no curso de publicidade não vale mais uma banana. O papo dela é assim: primeiro se satisfaz necessidades básicas, depois intermediárias, e assim vai até o supérfluo. Entendeu? Mas que nada, nem é mais pirâmide, virou um sólido bizarro, o cara não tem comida, mas comprou um celular. A moça tá devendo no banco, mas gastou o salário todo em produto de beleza.
Daqui a pouco ali na vila vão querer comer sushi, e como é que tu vai dizer que não pode, com a mão gorda toda lambuzada de shoyu? Chega a ser obsceno. Mas, de volta na ovelha do rebanho, vergonha é de quem tinha saída, mas seguiu no bééé, bééé, bééé. Isso é deprê. Eu tava dizendo esses dias: entenda-se o coitadinho que gosta de fofoca de celebridade, quem casou com quem, estapeou quem, como se vestiu e não sei mais o que. Uma fantasia que o cara tem que ter direito, falar da Gisele como se fosse triiii amiga e essas coisas. O que não dá pra entender, desculpa se eu não entendo, é o sujeito que vem da audi e senta na varanda ali da pizzaria dado bier tomando um clericot, falando num celular e folheando o último exemplar da caras. Esse é o cara que teve a chance e fodeu. Fodeu na minha opinião, né, que pra ele tá beleza e trouxa é quem perde tempo vendo filme escuro, som ruim, nenhum ator bonito e uma história que é uma tristeza só.

postado por Carol Bensimon as 18:44 | pitacos (15) | trackBack (0)

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