O Cisco deve saber quantos anos existem entre Pnin e Lolita, o que veio antes e o que veio depois. Eu prefiro usar esse conhecimento de almanaque do meu caro amigo do que sair googleando por aí, até porque a coisa pouco importa no momento. O que eu queria dizer é que, ao comecer a ler Pnin, me fui tomada de deslumbramento pela sempre fina ironia do Nabokov e pela construção de seus mui interessantes e patéticos personagens. Pois Pnin, esse professor russo emigrado e ensinando agora numa universidade americana, é o extremo do patético e nas primeiras páginas gozamos é pela maldade de nos sentirmos diferentes de ser tão bizarro. O que aconteceu comigo no decorrer foi que cansei. Cansei de tanta patetice que parece esquete do Saturday Night Live e que não constrói coisa nenhuma. Faltam umas 50 páginas pro fim e eu diria que o gráfico não saiu de um sem graça platô. Mas é claro que perto de Lolita a obra do Nabokov é sempre decepção. Ainda assim, Riso no escuro é bem mais interessante do que esse Pnin.
E agora que falei em patético, lembrei do Fitzgerald. São uma maravilha esses carinhas que ele faz e que levantam uma pena e às vezes admiração, sempre numa corrente alternada que evita as classificações esteriotipadas. Em Tender is the night, a gente conhece Dick Diver como uma figura embasbacante, porque olhamos pelos olhinhos adolescente de Rosemary. Depois a Rosemary vai e some, o que acho DE MESTRE também, a gente achando lá que a menina era importante e o cara nos engana direitinho. Bom, fato é que no fim Dick é um farrapinho digno da mais vergonhosa pena.
Tão bom se sentir enganada.
postado por Carol Bensimon as 12:13 | pitacos (14) | trackBack (0)