De colegiais a Nei Lisboa, de livrarias a Martha Medeiros, não importa situação, pessoa ou se existe de fato relação: a terapeuta está sempre lembrando de mim. Argumentarão os do contra que é tática de marketing, amáveis palavras ou sacanagem pura, enquanto que pra mim é tudo lindamente legítimo.
Na frieza da correta relação paciente-terapeuta, que me põe nervosa, enxergo contornos calorosos: ela me leva pra casa, me liga e me conecta em assuntos que nem sabe se sou. Em bandas que nem sabe se gosto. Em escritoras que sabe que gozo, e ela junto. Depois lança "lembrei de ti no fim de semana", e lá vem pequena história. Eu, mui lisonjeada.
A terapeuta tem 35, filhos não. Muito velha eu já pra ser filha, mas é como se fosse. Ralha delicada quando eu meto pés e mãos. Puxa o corpo fora se eu tento enfiar palavras ou opiniões na sua boca. A terapeuta
quer que eu faça tudo sozinha. É a única que não me mima. Se aventura numas levezas de rir da minha cara. Eu rio junto envergonhada e no encanto. Me encanta a terapeuta, que deixa escapar uns pedaços de vida em mestrado, viagens, marido, arte contemporânea e foucault.
Pois a fantasia de todo o tratado é um dia tratar quem trata. A minha era só tomar um café.
postado por Carol Bensimon as 17:30 | pitacos (6) | trackBack (0)