procura-se um mentor
Seis páginas do meu romance estão prontas. Três capítulos, partes ou qualquer unidade dessas. Abro o arquivo de word e começo a ler pela trigésima vez, no que descubro que as últimas duas páginas não prestam. Me ponho nervosa e nuns sentimentos de completa derrota. De que não sirvo pra coisa. Penso em desistir. Mas, quando as idéias se acomodam, daí eu percebo qualé esse meu grande problema com as narrativas longas que nunca decolam: parece que eu só quero escrever clímax. Tudo que é menor, que é passagem, que é ponte, eu acho ruim. De imediato me lembro do Paul Valéry dizendo que jamais produziria um romance porque não tinha coragem de escrever frases vulgares como "A marquesa saiu às cinco horas". É isso. É o meu problema, é esse minha tendência de transtorno obsessivo-compulsivo de se perder do todo e enxergar partes. Estou pirando. Parece que só quero contar do encontro da marquesa e do amante, mas, ei, ela precisa sair de casa antes. Quero dizer que ela toma o veneno, mas, ei, ela precisa comprá-lo na cidade antes. É com essas pontes que fico mal e me ponho louca. E se ao menos eu pudesse dizer isso pra alguém, que pacientemente me ouviria e me contaria com sua experiência superior - ou não necessariamente - que sofre dos mesmos males, que os seus são diferentes, enfim, se ao menos eu não me sentisse tão sozinha na maior parte do tempo.
postado por Carol Bensimon as 14:56 | trackBack (0)