O prédio onde eu trabalho tem cinco andares (sem contar o térreo e dois de garagem). Três são ocupados pela agência: o quarto, o quinto e o sexto.
No segundo andar, há uma estranha força que sempre puxa o elevador para, mas onde nunca há ninguém esperando por. Nesses instantes de cara com o segundo andar, dá pra ver uma mesa (a mulher sentada de costas pra porta), alguma mobília moderninha e uma parede rosa. Toda vez que me dou de frente pro ambiente (ou de lado, melhor dizendo), sinto que desci num filme do David Lynch. Infelizmente, nunca posso compartilhar meus sentimentos com os freqüentadores de elevador, que muito possivelmente desconhecem a filmografia do cara. Bem. Não há qualquer placa no saguão do prédio indicando o conteúdo dos conjuntos, posto que apenas três empresas ocupam esse empreendimento da Goldstein na Avenida Iguaçu, essa rua com delírios de grandeza sobre a qual jamais passam muitos automóveis, composta, inclusive, por precários paralelepípedos. Enfim. Recém chegada, delirei em cima da sala rosa e supus que era um lugar que vendia jóias de exclusivo design. Mas logo me dei conta que estava trocando as bolas e confundindo esse conjunto com outro igualmente estranho do prédio da VELHA agência. Finalmente, fazendo fofocas no quarto andar (onde ficam as meninas do atendimento), descobri que uma igualmente curiosa, porém mais cara de pau, locomoveu-se até o conjunto a fim de descobrir a sua NATUREZA. Voltou dizendo que era uma clínica especializada em transtornos do humor. Desde lá, eu cuido sempre quem desce no segundo andar.
(sigo daqui a pouco com o terceiro andar e as meninas que vendem CARNE)
postado por Carol Bensimon as 09:58 | pitacos (1) | trackBack (0)