como é?
Sabe o que eu mais gosto? Quando as pessoas dizem "eu não sei". Sim, adoro que elas admitam suas lacunas, não pra tirar de sarro de ignorância, mas porque ali vejo uma humildade que, pra mim, é coisa fundamental. O que eu tenho PAVOR crescente é, óbvio, justamente o contrário: o carinha que quer fingir saber. Mas a mim não enganam, e portanto ficam com um ar patético. Pegue esse exemplo: estou falando de uma banda bastante significativa, cuja discografia tem mais de dois dígitos, mas que eu começara a escutar só agora. Aí o cara enganador vai dizer uma coisa assim: "Bah, já escutou tal música deles? A melhor". Só que o que revela-se, nesse momento e mais tarde, pegando pelas sutilezas, é que o cara não está familiarizado com a discografia da banda, na verdade ele apenas citou a ÚNICA música que conhece para dar a impressão de que entende da coisa de fato.
Outro jeito fácil de ver com quem vocêestá lidando: pergunta uma coisa absolutamente aleatória, que precisaria de algum conhecimento específico. Exemplos: a) Mas como é que foi a infância do Napoleão? b) Como é a música que se faz em Honduras? c) Onde foi filmado Apocalipse Now?
Note que você não pode fazer perguntas como "onde você acha" ou "como será que". Seja enfático. Onde foi, como foi, como é? Ele vai te responder duro, certo, enfático. Não tem erro. Mas há também uma OUTRA possibilidade: para fugir do fatídico "não sei", é possível que essa laia se escape pelo sarcasmo, coisa que bem conhecemos. Uma piada largada no momento certo, por vezes mais grosseira e ingênua que um Chaves, disfarçará que você nada sabe sobre o que eu insisto em perguntar.

postado por Carol Bensimon as 09:20 | pitacos (6) | trackBack (0)

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